O email de um executivo da BHP Billinton foi apresentado pela defesa das vítimas do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, na Região Central de Minas Gerais, como uma prova de que a empresa sabia dos riscos de colapso. O texto foi divulgado durante audiência do processo que corre na Justiça inglesa.
As audiências, chamadas Gerenciamento de Caso, acontecem até esta sexta-feira. Nesta etapa, o objetivo é discutir a condução do litígio, cronograma de julgamentos e solicitações de documentos. É uma fase preparatória para o julgamento, em outubro, que vai determinar se as mineradoras Vale e a BHP Billinton, controladoras da Samarco, têm responsabilidade pelo colapso.
A tragédia de Mariana aconteceu em 2015, matando 19 pessoas, destruindo distritos, e provocando os maiores danos ambientais do país.
O email
De acordo com o escritório de advocacia Pogust Goodhead, que representa os atingidos, um email foi enviado por Marcus Randolph, ex-diretor de uma divisão da BHP que fazia parte da diretoria da Samarco, no dia seguinte ao desastre. A mensagem foi endereçada ao então diretor executivo da BHP, Andrew Mackenzie.
“Na época, eu fazia parte da Samarco e nós nos empenhamos muito na segurança das barragens. Depois de uma visita ao local, enviei uma nota de viagem à Samarco que continha comentários extensos sobre o risco de barragens. Se eu puder ajudar de alguma forma, entre em contato comigo. Enviei várias cartas ao MD solicitando revisões, etc., da barragem e me lembro muito bem dos acontecimentos. Acredito que também havia alguns documentos no registro de riscos da BHPB e nossos conselhos/comitês discutiram sobre o risco”, teria dito o ex-diretor, segundo a defesa dos atingidos.
Os advogados das famílias afirmam que a mensagem indica que a BHP sabia dos riscos, ao contrário do que a empresa ressaltou ao longo dos últimos oito anos.
O que diz a BHP?
A BHP Billinton se manifestou, por meio de nota. No documento, afirma que a audiência foi procedimental, sem discussão sobre o mérito do caso.
“A audiência realizada hoje no Reino Unido foi procedimental e não discutiu o mérito do caso. A BHP continuará com sua defesa no processo e refuta integralmente os pedidos formulados na ação ajuizada no Reino Unido, uma vez que ela duplica questões já cobertas pelo trabalho de reparação em andamento sob a supervisão dos tribunais brasileiros, e é objeto de processos judiciais em curso no Brasil”, defendeu a BHP.