Vale diz a autoridades ter identificado duas trincas em barragem em Ouro Preto

Atualmente, Forquilha III está classificada no nível de emergência 3, o mais alto na escala de risco
Vale afirma que, apesar da identificação das trincas, não foram observadas alterações na condição de estabilidade da barragem. Foto: Leo Boi/CBH Rio das Velhas
Vale afirma que, apesar da identificação das trincas, não foram observadas alterações na condição de estabilidade da barragem. Foto: Leo Boi/CBH Rio das Velhas

A mineradora Vale informou a autoridades ter identificado duas trincas na barragem Forquilha III, localizada na mina de Fábrica, em Ouro Preto. A comunicação foi feita no início da tarde desta sexta-feira (13) e faz parte do protocolo de segurança estabelecido pela legislação. O Fator teve acesso ao relato enviado pela empresa.

Segundo o comunicado, o diagnóstico inicial feito por técnicos aponta que as trincas poderiam estar relacionadas ao ressecamento superficial, consequência do longo período sem chuvas na região. A Vale diz ter iniciado procedimentos de notificação aos órgãos públicos competentes e ter colocado em prática um “plano de ação para investigação detalhada e correção do problema”.

A Vale afirma que, apesar da identificação das trincas, não foram observadas alterações na condição de estabilidade da barragem. “A estrutura permanece em monitoramento constante, 24 horas por dia, sete dias por semana”, garante.

Atualmente, a barragem Forquilha III está classificada no nível de emergência 3, o mais alto na escala de risco. Como medida preventiva, a empresa mantém uma Estrutura de Contenção a Jusante (ECJ), projetada para conter rejeitos em caso de eventual ruptura. Adicionalmente, a Zona de Autossalvamento (ZAS) da barragem permanece evacuada e sem a presença de comunidades.

A barragem Forquilha III foi construída para armazenamento de rejeito de minério de ferro, seu maciço possui altura de 77 metros, é classificada na categoria de risco e dano potencial associado altos e foi alteada pelo método a montante.

Procurado por O Fator, o coordenador do Centro de Apoio às Promotorias de Defesa do Meio Ambiente, promotor Carlos Eduardo Ferreira Pinto, afirmou que é necessário ter serenidade para a tomada de decisão na estrutura. “A barragem Forquilha III requer muita serenidade para tomada de decisões. É a estrutura que requer maior preocupação no Estado e que, apesar de todo compromisso da empresa, é um passivo que teremos que lidar por alguns anos”, disse.

Histórico

Em agosto, a Agência Nacional de Mineração (ANM) colocou a barragem de Forquilha V, que pertence à mesma mina de Forquilha III, em estado de alerta após a descoberta de fissuras em sua estrutura. Na época, interlocutores ligados à autarquia haviam identificado uma trinca significativa na crista da estrutura. A fissura, na ocasião, se estendia por mais de 100 metros e tinha uma profundidade de cerca de um metro. Inicialmente, a equipe técnica associou o problema a questões relacionadas ao filtro da barragem.

Em nota, a Vale afirmou, no mês passado, que a barragem Forquilha V “não tem influência sobre outras barragens do complexo e não há comunidade e estruturas operacionais na sua Zona de Autossalvamento (ZAS). A estrutura está sem operação e é monitorada 24 horas por dia, 7 dias por semana pelo Centro de Monitoramento Geotécnico (CMG) da empresa”.

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