Guilherme Jorgui
Engatando praticamente uma disputa atrás da outra, os vereadores do município de Contagem, cidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), deram início às articulações para a presidência da Câmara Municipal. Mas, pela cultura da Casa, dois grupos disputam lançar aquele que seria o candidato de “consenso”, evitando uma disputa aberta entre os parlamentares. Atualmente, dois nomes concorrem pelo posto de candidato único: Bruno Barreiro (PV) e o decano da Casa, Arnaldo de Oliveira (Solidariedade).
A apresentação da chapa de consenso surge como forma de contemplar todos os vereadores na partilha de cargos na estrutura administrativa da Câmara Municipal. Segundo apurou O Fator, Barreiro articula há mais tempo sua indicação. O fato de o parlamentar integrar a Federação Brasil da Esperança (PT-PCdoB-PV), entretanto, embora seja visto como oportunidade, também é tido como embaraço.
A federação saiu das eleições municipais com um traço progressista mais bem demarcado — sobretudo pela eleição de Adriana Sousa (PT) e pelo crescimento de votos de Moara Sabóia (PT).
Bruno Barreiro, contudo, é tido como um vereador mais à direita.
A ambiguidade não representa um veto, mas exigirá mais tempo para a construção do entendimento entre eles. Interlocutores do PT de Contagem ouvidos por O Fator confirmaram que a negociação está em curso, mas ponderaram que ainda não há uma definição.
Arnaldo de Oliveira, por sua vez, faz parte do grupo do atual presidente da Câmara Municipal, Alex Chiodi (União). Fontes acionadas pela reportagem registraram que o atual presidente é quem tem trabalhado pelo nome de Arnaldo. O gesto seria uma retribuição ao apoio dado pelo decano quando da eleição de Chiodi para a presidência da Câmara, em 2020.
Para Chiodi, pela deferência dos demais pares com o decano, Arnaldo é o nome que pacificaria a disputa.
A preferência pelo nome de Arnaldo de Oliveira é mencionada por três diferentes interlocutores da gestão Marília Campos. “Ele goza de muito prestígio e exerce uma liderança quase natural entre seus pares. A prefeita tem com ele uma boa relação desde que foram vereadores juntos”, disse um deles, sob reservas.
Marília foi vereadora de Contagem entre os anos de 2001 e 2002, quando se elegeu para seu primeiro mandato de deputada estadual.
Outras opções
Em um cenário mais remoto, ainda na federação, a vereadora Silvinha Dudu (PV) tenta se colocar como uma possibilidade. Mas, embora auxiliares de Marília asseverem que a prefeita não influenciará na eleição da Mesa Diretora, eles ponderam que o nome da vereadora traz alguns “senões”.
Isso porque, mesmo integrando a base do governo, Silvinha teria “flertado” com a pré-candidatura do ex-deputado federal Felipe Saliba (PRD) à Prefeitura de Contagem — e que acabou não disputando.
Existe a expectativa de que os vereadores eleitos na base do candidato do PL à Prefeitura de Contagem, Junio Amaral, — Pedro Luis (PL), Tia Keila (PL), Mauricinho (PL) e Pastor Itamar (PRD) — tentem marcar uma posição a partir do lançamento de uma candidatura à presidência do Parlamento Municipal.
Neste caso, é possível que o governo saia da inércia e trabalhe pela eleição de algum candidato mais identificado com a gestão.
Aí, volta à mesa a possibilidade do candidato de “consenso”. Alguns vereadores já se colocaram a campo para isto, ponderando sobre o revés de se lançar um candidato à Mesa Diretora com poucas chances de vitória, ficando de fora das negociações para indicação de cargos na estrutura administrativa da Câmara Municipal.
