Vereadores projetam ‘multiplicação’ de embates ideológicos na Câmara de BH

Parlamentares ouvidos por O Fator acreditam que conjuntura global pode ditar o ritmo dos trabalhos no Legislativo municipal
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Galerias da Câmara ficaram lotadas durante sessão plenária na última quarta-feira (5). Foto: Cristina Medeiros/CMBH

Os incidentes que marcaram a primeira semana de trabalho da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) podem ser mais do que um caso isolado. Vereadores de diversos grupos políticos avaliam que a disputa ideológica, instaurada durante os debates sobre um projeto apresentado por Flavia Borja (DC) para restringir a participação de pessoas trans em competições esportivas, será frequente no plenário em 2025.

Candidato mais votado nas eleições de 2024, o vereador Pablo Almeida (PL) acredita que as recentes vitórias de candidatos à direita em eleições mundo afora vai impor, nos parlamentos, a predominância da agenda de princípios defendida pelo campo conservador.

“Ainda mais agora com a eleição do (Donald) Trump, o mundo todo está fugindo dessa agenda ‘woke’. A própria esquerda está fazendo de tudo para se descolar dessas pautas, porque não é popular. A população que não tem poder de compra no supermercado não está interessada nisso. O trabalhador quer saber se vai conseguir alimentar sua família no dia seguinte. Não quer saber desse tipo de coisa dessa agenda maluca”, afirma.

O líder do PT na Câmara, vereador Pedro Patrus, também acredita que a discussão de projetos identitários será uma das marcas da atual legislatura, em razão do crescimento da bancada de direita em comparação com as últimas composições da Casa.

“Vários vereadores eleitos em 2024 são mais preocupados com essas pautas morais do que com a situação da própria cidade. O nosso papel será de resistir aos avanços do campo conservador e buscar melhorias concretas para a população de Belo Horizonte”, aponta.

O crescimento da direita na Câmara de BH é retratado pela ampliação da representatividade do PL, legenda com a maior bancada da Casa. No ano passado, o partido era representado apenas por Cláudio do Mundo Novo. Reeleito, o liberal ganhou a companhia de mais cinco colegas.

No campo mais ligado ao prefeito Fuad Noman (PSD), o embate ideológico é visto, ao mesmo tempo, como uma “perda de tempo” e uma “situação confortável” para o Executivo. A avaliação de integrantes da base de sustentação do governo é de que os vereadores deveriam se concentrar em projetos ligados diretamente aos problemas mais urgentes da cidade.

Na visão desses interlocutores, em caso de prevalência da agenda identitária, a discussão dos projetos de interesse da prefeitura ficaria em segundo plano.

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