Viana se licencia e Castellar toma posse no Senado; entenda a ‘novela’

Acordo entre grupo político e pré-candidato teve idas e vindas
Carlos Viana é pré-candidato à Prefeitura de Belo Horizonte.(Foto: Divulgação)

A novela acabou: o senador Carlos Viana (Podemos-MG) vai se licenciar de seu mandato e dará lugar ao suplente, o advogado Castellar Neto (PP). A cerimônia de posse de Castellar acontece nesta quarta-feira (17), às 16h.

As conversas para que a articulação acontecesse tiveram início em março. Na época, Viana, já filiado ao Podemos, buscava um partido que garantisse espaço e estrutura para sua pré-candidatura a prefeito de Belo Horizonte. O senador esteve próximo do Republicanos, que recuou no último instante com uma decisão do diretório nacional em indicar o nome de Mauro Tramonte para a disputa.

Com poucas opções para viabilizar uma candidatura competitiva, Viana viu seu caminho abrir com o timing da saída do grupo ligado ao secretário Marcelo Aro da Prefeitura de Belo Horizonte, em março. Antes aliado do prefeito Fuad Noman (PSD), o grupo de Aro deixou todos os postos que tinha no município após pressão do PSD ao prefeito.

Aro mantém influência direta no comando do Podemos em Minas: o partido estadual é presidido pela deputada federal Nely Aquino, aliada de primeira hora do secretário de Estado.

Naquele momento, a articulação que antes parecia muito difícil, simplificou de vez: Viana precisava de um partido, e o grupo de Aro precisava de um candidato.

A conversa inicial não foi fácil: Aro e Viana ainda mantinham rusgas da campanha de 2018, quando o senador concorreu ao cargo pelo PHS, partido, na época, presidido pelo secretário. Os dois saíram feridos da eleição e, poucos meses depois, Viana deixou o partido.

Apesar do histórico, a construção aconteceu de maneira rápida e o martelo foi batido: Viana seria candidato pelo Podemos – ou acertaria o apoio a outro candidato de forma conjunta com o grupo de Aro.

O acerto para que o senador se licenciasse do cargo não aconteceu na mesma definição de sua candidatura. Poucas semanas depois, interlocutores do secretário de Casa Civil fizeram contato novamente para buscar o movimento, que, além de garantir o partido ao senador, dava estrutura local na cidade, entre centenas de pré-candidaturas a vereador, que também fariam campanha para Viana. O parlamentar assumiria, ainda, a presidência do partido municipal. Em troca, claro, Viana cederia o espaço no Senado para seu suplente, Castellar – um dos membros do grupo de Aro que deixaram a PBH em março.

Acerto feito, mãos apertadas. Nem isso ainda impediu que a construção virasse uma novela. Viana de fato assumiu o Podemos em Belo Horizonte, contando até com evento prestigiado pelo governador Romeu Zema (Novo). Só que, já no início de junho, problemas internos começaram a assombrar todo o acordo.

Primeiro, a desconfiança de que um auxiliar do senador estaria, sem avisar a direção do Podemos estadual, promovendo alterações na chapa de candidatos à Câmara de Belo Horizonte do partido. O primeiro sinal de que isso poderia estar acontecendo fez com que Nely retirasse Viana do comando da legenda na capital. Oficialmente, tanto o senador quanto o partido falam que a mudança ocorreu por um acordo e para que Viana focasse 100% na pré-campanha.

A mudança aconteceu, ainda, em meio a recados do senador: se antes ele se licenciaria do cargo em junho, a data mudou para julho. E ela viria a mudar ainda outras duas vezes, até que, na semana retrasada, um acordo entre Aro e Viana – possivelmente o último até a eleição – selasse a candidatura e a licença.

Leia também:

O silêncio de Zema sobre a Operação Contragolpe

A opinião de Mateus Simões sobre o escolhido por Zema para chefiar o MPMG

Novo procurador-geral de Justiça de Minas é o primeiro promotor escolhido para o cargo

Veja os Stories em @OFatorOficial. Acesse