Voto impresso bolsonarista deixaria Brasil parecido com Venezuela

Bolsonaristas se empolgaram com discurso da presidente do TSJ da Venezuela, mas eles é quem estão do lado dela
Filipe Barros na Comissão do Voto Impresso
Filipe Barros (PL-PR), relator da Comissão do Voto Impresso: o Brasil mais parecido com a Venezuela. Foto: Najara Araújo/Câmara dos Deputados

Bolsonaristas estão assanhados com o discurso da presidente da Suprema Corte venezuelana, Caryslia Beatríz Rodríguez, certificando a vitória eleitoral roubada de Nicolás Maduro.

Em discurso na quinta (22), Caryslia citou o TSE brasileiro:

“De igual maneira ocorreu no último processo de eleição presidencial realizado na República Federativa do Brasil em 30 de outubro de 2022, quando foram apresentadas denúncias relativas a uma suposta fraude eleitoral, que ensejaram a intervenção do Tribunal Superior Eleitoral…”

A bolsonarada ficou excitada porque, em sua narrativa fantasiosa, o TSE desempenha o papel das autoridades chavistas, enquanto os fãs de Fernando Cerimedo e os advogados do partido de Valdemar Costa Neto seriam os guerreiros da liberdade, contestando os resultados. Não é só bobagem: é o oposto da realidade.

Ninguém agiu mais para que o sistema eleitoral brasileiro ficasse PARECIDO com o da Venezuela do que Jair Bolsonaro e seus asseclas no Congresso.

Em junho de 2021 o deputado federal bolsonarista Filipe Barros apresentou um parecer à PEC do Voto Impresso.

Por essa proposta, “[n]as seções eleitorais com registro impresso de voto, a apuração será realizada exclusivamente com base nesses registros”.

Ou seja: a promessa do voto impresso era uma farsa. Ele não seria usado para auditar, conferir, os registros da urna eletrônica. O registro na urna eletrônica seria completamente descartado, valendo apenas os recibos impressos, contados pelos mesários “com programas de computador independentes dos programas carregados nos equipamentos de votação eletrônica”.

O que o TSE brasileiro faz? Publica no site todos os boletins de urna, exatamente o que o CNE da Venezuela não fez. Na verdade, o TSJ da Venezuela (o STF deles) proibiu a divulgação dos boletins – e o site do CNE (o TSE deles) permanece fora do ar.

Também não custa lembrar: Maduro mentiu ao dizer que no Brasil “não auditam um único boletim de urna”, ecoando o discurso bolsonarista. Bolsonaro se identificou tanto que riu de nervoso.

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