‘Zelda’ permite ao jogador cometer vários crimes eleitorais

Link, o herói da história, se envolve em eleição municipal com dois candidatos em um simpático vilarejo
Link em 'Tears of the Kingdom'
Link, o protagonista da maioria dos jogos 'Zelda': muito além do caixa 2. Reprodução/Nintendo

O jogo The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom, lançado no ano passado para o Nintendo Switch, permite ao jogador cometer vários crimes eleitorais durante uma disputa entre dois candidatos a prefeito.

Tudo começa quando Link, o personagem do jogador e herói da história, chega a Hateno Village, uma simpática aldeia próxima ao litoral leste de Hyrule.

O vilarejo, antes pacato, está agora atraindo um monte de turistas desde a chegada de Cece, uma exótica estilista e aderecista obcecada por cogumelos.

A agitação perturba o prefeito, Reede, que valoriza a tradição agrícola da região e não gosta da moda maluca dela.

Cece desafia o prefeito e pede uma eleição municipal. O jogador então é convidado pelos dois lados da disputa a realizar uma série de tarefas. Desconhecemos as leis eleitorais de Hyrule, mas no Brasil as missões dadas ao jogador implicariam uma série de crimes eleitorais.

Compra de votos

A figurinista Cece entrega a Link oito cogumelos, e o instrui a distribuir aos simpatizantes do prefeito Reede. A ideia é convencê-los a votarem nela. Trata-se de captação de sufrágio, ou seja, compra de votos, definida como “doar, oferecer, prometer, ou entregar, ao eleitor, com o fim de obter-lhe o voto, bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive emprego ou função pública, desde o registro da candidatura até o dia da eleição”.

Fornecimento de alimento

Fica pior ainda. Como cogumelos são alimento, a prática pode se enquadrar também em outra norma segundo a qual “é vedado aos candidatos ou órgãos partidários, ou a qualquer pessoa, o fornecimento de transporte ou refeições aos eleitores da zona urbana”. Aqui um advogado poderia argumentar que parte do público-alvo de Cece foram justamente eleitores idosos e da zona rural de Hateno, menos afeitos à moda exótica dela.

Boca de urna

Não fica claro exatamente o intervalo entre as ações do jogador e quando a eleição acontece. Se as tarefas são no dia da votação, então Link comete o crime de boca de urna. A lei veda “a arregimentação de eleitor” e “a divulgação de qualquer espécie de propaganda de partidos políticos ou de seus candidatos” no dia da eleição.

Caixa 2

Até onde sabemos, nenhum dos candidatos registra suas despesas eleitorais. Além dos oito cogumelos que dá para Link distribuir a eleitores, Cece o paga com uma trufa grande, que também não é declarada. Já o prefeito Reede recompensa Link com nada menos do que 100 rupees (bastante dinheiro – dá para comprar 8 cogumelos, ou 8 garrafas de leite) por ele redescobrir uma receita de queijo – que Reede espera usar para energizar a economia da cidade e, claro, ganhar votos.

Leia também:

A quadrilha que causou ‘tensão’ entre um deputado e a Polícia Legislativa da ALMG

Prefeito acusa Samarco de descumprir prazos para obras corretivas no entorno de Candonga

Os dados alarmantes do relatório final de fiscalização do TCE em unidades de saúde de MG

Veja os Stories em @OFatorOficial. Acesse