O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), anunciou, semana passada, a desapropriação de um terreno que servirá de local para a construção do estádio próprio do Flamengo – hoje, o clube carioca compartilha o Maracanã com o rival Fluminense.
“Estamos publicando a desapropriação, por leilão em hasta pública, do terreno do Gasômetro. É o início de um projeto, um sonho, e Flamengo, Vasco, Fluminense e Botafogo têm importância enorme para a economia do Rio de Janeiro”.
Populismo e eleições à parte, a declaração e o gesto do prefeito são mais óbvios que o sol nascer todas as manhãs em BH, terra do Galo mais querido e lindo do mundo, casa da Arena MRV, o mais inclusivo e tecnológico estádio da América do Sul.
Belzonte
Eu sei que ideologia partidária, no Brasil, não é algo levado muito a sério. Mas creio que correligionários não possam pensar e agir tão diferentemente assim, um do outro, certo? Digo isso porque o ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, também é do PSD.
Kalil, para quem não sabe ou não se lembra, foi presidente do Atlético e deixou um rastro de total destruição financeira no Clube, apesar de duas conquistas esportivas relevantes: Copa Libertadores da América, em 2013, e a Copa do Brasil, em 2014.
Tão logo saiu do Galo, Alexandre pulou de cabeça na política (logo ele, que sempre se declarou um “não político”) e foi eleito e reeleito prefeito de BH, abandonando o segundo mandato para tentar o governo de Minas, projeto em que fracassou retumbantemente.
Maldades
Porém, durante sua gestão na PBH, o sempre autodeclarado atleticano apaixonado, através de sua péssima secretária, Maria Caldas – que produziu o maior atraso imobiliário já visto na cidade -, fez o possível e o impossível contra a construção do estádio do CAM.
Por motivos mesquinhos e brigas pessoais com os atuais donos do Atlético, Kalil, como prefeito, não apenas assistiu à PBH atrasar por mais de quatro anos o início das obras, como espetou centenas de milhões de reais em contrapartidas indecorosas.
Tenho inúmeras colunas escritas, à época, no Portal UAI, do jornal Estado de Minas, e vídeos publicados, no site da Rádio Itatiaia (onde trabalhei por 14 meses), detalhando “tintim por tintim” as “maldades” da Prefeitura de BH contra o Atlético.
CPI nele
Não foi à toa que, investigado por uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH), por suposto “abuso de poder”, sua gestão nociva – e proposital – contra o Atlético, ficou explícita para todos.
Inclusive, o relatório final da CPI apontou, de forma cabal e irrefutável, os prejuízos causados pela Prefeitura ao Galo, permitindo, inclusive, que o clube mineiro busque reparação pela atuação desastrosa do Poder Público Municipal contra si.
Restou absolutamente claro e cristalino como o ex-prefeito tratou o tema, ao contrário do que faz, agora, seu colega fluminense no Rio de Janeiro. Como burro Kalil não é e nem nunca foi – e sabe fazer contas -, só me resta acreditar em pequenez de propósitos.
Eleições
O brasileiro realmente tem memória curta e pouca consideração pelo voto. Políticos condenados por crimes de corrupção, hoje, ocupam as mais altas chefias do Executivo e Legislativo, em todas as esferas (municipal, estadual e federal).
Porém, traço cultural equivalente, é a paixão cega dos brazucas por seus clubes de futebol. Por isso, ainda que considere indevida a mistura de futebol com política, aproveito o momento no Rio de Janeiro, protagonizado por Paes, para lembrar os atleticanos:
Alexandre Kalil, como prefeito de Belo Horizonte, não moveu uma palha – não pelo Atlético, mas pela cidade – em favor da construção da Arena MRV. Ao contrário! Sua secretária atrasou, modificou e encareceu sobremaneira o projeto. Que ele tenha o devido “reconhecimento” dos atleticanos no futuro.