Bons tempos aqueles do “tijolão” Aurélio. Tínhamos de folhear página por página, e procurar dentre as dezenas de palavrinhas minúsculas, aquelas que queríamos. Hoje, basta um clique no Google e pronto. Prático, sem dúvida, mas muito sem esforço e, pior, não nos obriga a conhecer outros verbetes. Enfim…
Sinônimos de azarado: desditoso, desventurado, azarento, caipora, desafortunado, desgraçado, inditoso, infeliz, infortunado, malfadado, malsucedido, agourento, agoirento, aziago, infausto, nefasto.
Sinônimos de brigão: briguento, bagunceiro, arruaceiro, baderneiro, badernista, brigador, brigalhão, brigoso, conflituoso, desordeiro, pimenta, provocador, rixador, rixento, valentão.
Sinônimos de desagregador: cortado, desassociado, despegado, desunido, dissociado, separado, fragmentador, separatista.
Kalil está nu
Politicamente falando, eu diria que em todos os casos acima ficou faltando um sinônimo: Alexandre Kalil. Sim, o ex-prefeito de Belo Horizonte que: i) rebaixou os índices educacionais do município, ii) desmontou as prefeituras regionais da cidade, iii) expulsou os empreendimentos imobiliários para Nova Lima, iv) atrasou as obras da Arena MRV e espetou nos cofres alvinegros centenas de milhões de reais em contrapartidas abusivas, v) administrou a cidade devendo o próprio IPTU, vi) teve as contas particulares pagas por uma prestadora de serviços da Prefeitura.
E sim, o ex-presidente do Galo que: i) explodiu a dívida do Clube, ii) contratou jogadores e os não pagou, como os vendedores, deixando como legado centenas de dívidas trabalhistas e cobranças judiciais, iii) levou dezenas de amigos e parentes para o Marrocos, em 2013, segundo denunciou Rubens Menin, sócio majoritário da SAF atleticana (e Kalil não o desmentiu), iv) usou o dinheiro do Clube para custear viagens internacionais luxuosas, para si e familiares, conforme auditorias internas demonstraram, v) contratou e colocou em cargos de extrema importância e confiança, executivos enrolados com a Justiça (um foi preso e outro é investigado pelo MP).
Mas também é o Alexandre Kalil político, que: i) gastava mais de 60 mil reais mensais do ex-partido, o PSD, para pagar funcionários pessoais, ii) que contratou – e não pagou – por fora, uma empresa de comunicação para sua campanha ao governo de estado, em 2022, configurando, segundo advogados eleitorais, caixa dois de campanha, iii) foi condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a ressarcir em mais de dois milhões de reais os cofres públicos, por uso de recursos indevidos em sua campanha para a PBH em 2016, iv) rompeu, antes de iniciar o mandato, com seu então coordenador de campanha, o atual presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH), Gabriel Azevedo, v) brigou com importantes aliados do presidente Lula, em 2022, e foi expulso da campanha após ser considerado um “peso morto”, vi) traiu o ex-partido e migrou, às vésperas da eleição municipal, para o Republicanos.
Mick Jagger é para os fracos
Pois o sinônimo político para azarado, brigão e desagregador fez uma nova vítima: o deputado estadual Mauro Tramonte, que liderava com absoluta folga a corrida pela Prefeitura de Belo Horizonte, com 29% das intenções de voto, até a chegada do mau agouro eleitoral, repetindo a campanha presidencial de Lula, em 2022, quando seu apoio fez o petista perder feio em BH, para Jair Bolsonaro, por quase 10% de diferença.
Kalil, conforme alertei nesta coluna, mais atrapalharia que ajudaria. Pesquisa O Fator/Ver mostrou que o Mick Jagger de Belzonte pouco acrescentaria à campanha dos Republicanos. Não foi falta de aviso, portanto.
Além disso, como esperado, brigou com todo mundo, inclusive, fazendo a excelente vice-candidata, Luísa Barreto, uma das pessoas mais pacientes e educadas que conheço, nem sequer lhe dirigir mais a palavra. Além, é claro, de afastar o importantíssimo apoio do governador Romeu Zema (Novo).
2026 está chegando
“Ó dia, ó azar”… Quem, com mais de 50 anos, não conhece o simpático Hardy, personagem dos desenhos de Hanna-Barbera, das décadas de 60 e 70? Era uma hiena sorumbática, cabisbaixa, que vivia com uma nuvem negra e chuvosa sobre a cabeça, sempre reclamando e lamentando.
Pois Alexandre Kalil – sempre politicamente falando – me lembra essa hiena agourenta. Onde chega, “espalha o bolinho”, como se diz popularmente por aí. Foi assim no Atlético, na Prefeitura, no PSD e novamente, no Republicanos. Que sirva de lição para 2026. Que o partido que for lhe hospedar e os aliados que o acompanharão visitem o passado.
E que os fornecedores não cometam o mesmo erro que a agência de comunicação de Manuela D’ávila (aquela contratada clandestinamente, que levou o cano) e tantos outros – inclusive funcionários – que cobram judicialmente de Kalil por serviços prestados e não pagos, ainda que a pessoa física (não o político) viva nababescamente, morando em prédio de luxo, se locomovendo em veículos importados, viajando para o exterior, se hospedando em hotéis estrelados, enfim, curtindo a vida adoidado às custas do suor e dinheiro alheios.