Depois que o último bloco passou pela Avenida dos Andradas, o que restou do Carnaval de Belo Horizonte em 2025? Ficaram números impressionantes e lições sobre gestão pública e participação popular: foram 568 blocos registrados, shows que reuniram até 500 mil pessoas, e tudo isso de forma gratuita para os foliões.
A festa se consolida a cada ano como um dos maiores eventos culturais do país, movimentando cerca de R$1 bilhão na economia local, de acordo com a Prefeitura, e impulsionando setores essenciais como hotelaria, gastronomia e comércio, além de gerar aproximadamente 20 mil empregos temporários.
A ocupação hoteleira atingiu números históricos, ultrapassando 87% em média, com picos superiores a 90% nos principais dias da folia. A cidade recebeu cerca de 275 mil turistas, somando-se aos moradores locais em um público total de quase 6 milhões de foliões. Plataformas como o Airbnb registraram crescimento significativo, com um aumento superior a 4.600% nas buscas em comparação ao Carnaval de 2024, taxa de ocupação próxima a 100% e elevação superior a 30% no preço médio das diárias. Esses números são importantes e mais do que bem-vindos, pois esses setores foram duramente atingidos pela pandemia de COVID-19. Ter um evento anual que bate recordes de crescimento é um sonho para qualquer metrópole mundial.
Outro avanço positivo veio na segurança pública: a Polícia Militar implementou drones equipados com reconhecimento facial, permitindo uma redução expressiva dos crimes, com queda de quase 15% nos furtos e roubos em comparação ao ano anterior, além de uma maior cooperação entre as polícias e a Guarda Municipal.
Quem não quer números como esses na sua cidade? Penso que se apresentasse esses números ao ex-prefeito Márcio Lacerda ele com certeza teria mudado sua opinião. Esse sucesso não aconteceu de uma hora para outra. Foi fruto do empenho da sociedade civil e de um poder público que soube jogar junto, em vez de remar contra. E é isso que vale destacar: a folia passa, mas os impactos dela ficam – na economia, na cultura e no orgulho de quem vive aqui.
O Carnaval de BH em 2025 prova que um bom gestor não é aquele que simplesmente impõe regras, mas sim quem enxerga oportunidades onde muitos só veem desafios. Eventos como esse não se constroem do dia para a noite, mas quando bem planejados, deixam um legado duradouro. Incentivar, organizar e dar suporte à criatividade
popular é muito mais eficaz do que tentar barrá-la. Quando o poder público e a sociedade caminham juntos, todo mundo ganha – e os resultados falam por si.
E para quem ainda quer transformar o Carnaval em debate ideológico, basta olhar ao redor: o Brasil é, por essência, um país multicultural. Aqui, a gente se mistura, dança, canta e celebra junto. Foram 6 milhões de pessoas nas ruas, vivendo a festa, movimentando a cidade e espalhando boas histórias pelas redes sociais. Contra esses números e essa energia, não há argumento.
Como gestor público e folião, posso dizer com orgulho: não tem Carnaval melhor que o de Belo Horizonte. Quem veio, sabe. Quem ainda não veio, fica o convite para vir ano que vem.