O Brasil não tem a menor chance de dar certo. Esta frase, já repetida algumas vezes, é atribuída ao economista Roberto Campos (o avô, não o neto), apesar de ser uma visão pessimista do nosso futuro, é extremamente realista diante dos fatos. As nossas escolhas sempre são pautadas naquilo que parece fácil ou mais simpático aos nossos ouvidos. Diante da dura realidade dos fatos, optamos pelo populismo ou comodismo. Em uma economia marcada por constantes voos de galinha, os picos efêmeros são seguidos por quedas igualmente rápidas, resultando em um crescimento insignificante e volátil, que nos levam a quase lugar nenhum.
Mais uma vez estamos diante desta encruzilhada: baixo crescimento econômico, um índice inflacionário que não tem representado a realidade das ruas, um alto nível de endividamento público, uma máquina pública cada vez mais faminta por impostos e recursos privados, os mesmos grupos de interesse pautando políticas públicas ou legislações, aumento da percepção da corrupção e aparições internacionais vexatórias.
Mas, temos novidades em nossa tragédia anunciada, novos elementos que, até então, não eram bons, mas, também, não eram tão ruins: a insegurança jurídica e os desastres naturais ou criminosos. Claro, não sou ingênuo, o Brasil nunca foi um porto seguro em termos de segurança contratual ou pela grande coerência do judiciário. O mesmo com desastres ambientais de larga escala, como foi o caso de Mariana, Brumadinho e agora, mais recentemente, no Rio Grande do Sul. Todavia, parece que o brasileiro vem se acostumando, cada vez mais, com decisões que mudam todo o entendimento passado de determinado tema, a famosa ‘coisa julgada’. Além disso, parece que desastres ambientais e sociais com impacto regional são parte do nosso ‘novo normal’.
Mas, por outro lado, também, não temos a menor chance de dar (muito) errado. Somos um país extremamente complexo do ponto de vista econômico e geográfico, com um povo heterogêneo e trabalhador, pautado, em sua maioria, por interesses convergentes e tradicionais: família, trabalho, religião e alguns momentos de lazer. Dentro de um mesmo território, temos ‘ilhas’ de desenvolvimento e avanço, onde parece que as coisas vão um pouco melhor, como é o caso de Minas Gerais, São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Goiás. Estados que, não por acaso, têm tido nos últimos anos um forte avanço econômico e cada vez maior relevância no PIB nacional. Enquanto alguns gestores públicos optam pelo populismo e pela utopia do Estado Indutor do desenvolvimento, outros trilham o caminho da facilitação do ambiente de negócios, da atração de investimentos, do investimento na educação profissionalizante e no combate à criminalidade.
Esta é a história do Brasil, enquanto uns puxam para frente, outros puxam para trás. Importante lembrar, nem sempre são as mesmas forças, em certos períodos da história se invertem as posições. Mas o resultado é sempre o mesmo: não saímos do lugar. O Brasil não tem a menor chance de dar certo, mas, também, não tem a menor chance de dar errado.