Confesso que assistir a campanhas e debates eleitorais se tornou extremamente indigesto – literalmente falando – para mim, já há alguns anos. Mas por força do meu trabalho como comentarista e colunista político, não me resta outra alternativa senão encher a cara de Omeprazol, rezar duas Ave Marias e 30 Pai Nossos – e eu sou judeu, hein! -, preparar 104 carajillos (quem não conhece não sabe o que está perdendo: café expresso com licor 43 e bastante gelo) e enfrentar a fera de peito aberto.
Pode ser impressão minha – acho que não é -, mas o nível cai a cada eleição. Pelo amor de Deus! Duda Salabert (PDT), professora, falando em “robusteza”? Que diabo será isso? Robustez, talvez? Sei lá, porque é tão falaciosa essa senhora, tão sem noção e errante, que se torna impossível entender a mensagem que pretende passar. E o que dizer do senador Carlos Viana (Podemos), que como política inclusiva para o público LGBTQIA+ trouxe como proposta um “centro gastronômico no mercado novo”?
Já Mauro Tramonte (Republicanos), coitado, conseguiu opor Zema a Kalil, dizendo que o primeiro – faz-me rir, né? – “gosta de pobre” (lá dos cassinos do Uruguai?) e o segundo… Bem, o segundo vocês sabem, “é empresário”. Sim. Ele disse que Romeu Zema (Novo) é empresário, dando a entender que, por isso, não gostaria de pobre, ao contrário de Alexandre Kalil – que seria o que mesmo, Mauro? Na boa, esse pessoal de rádio e TV pode ser – e é! – muito bom atrás das câmaras, mas como políticos são apenas bons apresentadores.
Tudo sempre pode piorar
Dos extremos, falar o quê? Bruno Engler (PL) consegue ser menos – bem menos, aliás – pior que Rogério Correia (PT). Até porque, sinceramente, duro seria se conseguisse. São apenas dois mamulengos de suas muletas eleitorais, Bolsonaro e Lula, ambos bem sumidos, diga-se de passagem, dando a entender que estão se lixando (no que fazem bem) para ambos os péssimos candidatos. Ao fim e ao cabo, “muito mais ou menos” se safaram Fuad Noman (PSD) e Gabriel Azevedo (MDB); um pela transparência, o outro pelo talento.
O prefeito de Belo Horizonte é um homem correto, bem intencionado, muito capaz e com bons resultados para apresentar. É perfeito? Longe disso. Sua gestão é sublime? De jeito nenhum. Tem suas limitações e, infelizmente, em diversos setores da Prefeitura está mal assessorado. Já o presidente da Câmara Municipal, a despeito de todo preparo e capacidade, não consegue livrar-se da personalidade rude que tanto prejuízo lhe traz. É uma pena. Particularmente, e não escondo isso de ninguém, os considero os dois únicos bons candidatos.
Bem, agora, com o dever cumprido – duplamente, porque tive de assistir ao debate de São Paulo, já que escrevo para O Antagonista também -, totalmente desolado e desesperançoso com o que assisti (vocês não têm ideia do que são Pablo Marçal, Datena e Guilherme Boulos no mesmo lugar), vou tomar um banho bem quentinho, para relaxar, e me atirar nos braços de Morfeu, esperando não ter ainda mais pesadelos do que os que já tive, desperto. Juro que não sei onde vamos parar.