Hoje em dia, as redes sociais se tornaram uma grande vitrine de comunicação. Mas alguns políticos enxergam nelas um campo de batalha, onde cada vídeo é uma tentativa de “lacrar” e sair viralizado. Será que isso realmente funciona na hora de conquistar votos?
No TikTok, o tempo médio de atenção é de apenas 8 segundos, e vídeos de 15 segundos têm uma taxa de retenção 50% maior do que os mais longos. Ou seja, os candidatos precisam resumir tudo ao extremo, navegando em um mar de possibilidades – mas dá para transmitir uma ideia de governo em menos de quinze segundos, ou a mensagem acaba virando só um show de entretenimento?
Muitos candidatos estão mais preocupados em fazer rir do que em fazer pensar. A política corre o risco de virar entretenimento, deixando propostas reais em segundo plano. André Fernandes, por exemplo, alcançou números impressionantes no TikTok, com mais de 70 milhões de visualizações em apenas 9 vídeos de músicas e jingles. Essa estratégia de impacto ajudou a levar a campanha ao segundo turno – um feito importante. Mas, em uma polarização clara entre PT e PL, os eleitores não escolhem a campanha mais “pop”. No fim das contas, preferem quem oferece segurança, um projeto mais confiável. “A culpa é do Sarto” virou um “ele não” poderoso, mas, sem um “ele sim”, a crítica vazia não se sustenta.
Além disso, a rapidez das redes mudou a dinâmica jurídica das campanhas. Respostas instantâneas viraram armas, e os direitos de resposta se tornaram ferramentas estratégicas para conter ou provocar crises. Como aponta Leonardo Braz Galvão, jurista especialista em campanhas eleitorais, uma resposta bem posicionada é uma chance de transformar uma crítica em mais engajamento. Outro ponto destacado pelo advogado é o controle judicial das fake news.
Ainda assim, por mais que as redes capturem a atenção, elas ainda não são protagonistas. Nas eleições, TV, rádio, santinhos, caminhadas e mobilizações continuam a carregar boa parte do peso da campanha. As redes ajudam a construir imagem e popularidade, mas ganhar eleições exige ir além do digital e “lacrar” sem perder a política. Se a TV nos ensinou a capturar a atenção com conteúdo, as redes podem adaptar essa profundidade ao digital. A questão é: “lacrar” vale mais do que dialogar?