Rodízio de veículos em Belo Horizonte: é chegado o momento?

Foto: Guilherme Dardanhan/ALMG
Foto: Guilherme Dardanhan/ALMG

O caos do trânsito em Belo Horizonte não é somente uma impressão que se manifesta a cada cruzamento em que o sinal verde acende e os veículos demoram vários instantes até iniciar sua marcha. Sim, há os casos de motoristas que se apegam ao celular e demoram a perceber que podem se movimentar, assim como há casos daqueles que são fixados no sinal vermelho, e parecem sentir um certo luto quando o verde se abre, a ponto de lhes deixar imobilizados. Mas, em geral, a prostração ocorre pelo próprio trânsito que se atravanca.

A impressão se desfez e cedeu a dados de apuração técnica. Pesquisa CNT de Mobilidade da População Urbana situa Belo Horizonte como um dos piores trânsitos do país. A cidade originária no curral Del Rei teria hoje seus veículos ultrapassados por carros de boi. Mas não é somente a esteira de compromissos que se vê comprometida. Um trânsito caótico produz elevação das emissões de gases de efeito estufa, produz estresse coletivo, proporciona desentendimentos, desperdiça tempo individual e coletivo, reduz crescimento econômico e compromete qualidade de vida.

Não há concretas e significativas iniciativas de redução dos impactos do caótico trânsito de Belo Horizonte, e menos ainda efetivas obras que ataquem os gargalos das vias da cidade. O caos parece convidar para que a sociedade reflita sobre a instauração do rodízio de veículos em Belo Horizonte, ao menos em determinados horários do dia, principalmente nos horários de maior pico.

O rodízio de veículos pode ser manejado por norma municipal. Assim, cabe ao Município regular o assunto. Curiosamente, não se tem este tema em campanha, talvez por seu amargor. Mas o amargo pode se revelar por necessário. O rodízio é enquadrado como norma de interesse local, ao que cabe à Câmara dos Vereadores e ao Prefeito defini-lo. O artigo 187 do Código de Trânsito identifica a permissão da determinação de rodízio a partir da punição dos veículos que transitarem em locais e horários não permitidos pela regulamentação estabelecida. É possível assim ao Município determinar zonas de restrição assim como horários em que veículos de dado final numérico de placa não pudem transitar em determinado dia da semana.

O trânsito seria aliviado. Haveria transtornos? Claro. Entretanto, o transtorno seria movimentado, desculpem o trocadilho. A perturbação social derivada do rodízio seria um passo efetivo para que se exigisse o enfrentamento concreto do problema do trânsito em Belo Horizonte. Sem isso, as lamentações continuarão seja dentro do carro, em solidão, seja na mesa do café de casa ou do trabalho. O rodízio de veículos é um tema que será inescapável à Belo Horizonte nos próximos anos. Melhor enfrentar desde já. Qual a posição dos candidatos tanto ao Executivo quanto ao Legislativo quanto ao tema?

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