Voto não é lixo; e urna não é lixeira

Não votem com o fígado ou motivados por questões que não serão tratadas em âmbito municipal
Voto Lixo Urna Lixeira
Depois não adianta reclamar (Foto: Google Images)

O brilhante furo de reportagem publicado pelo O Fator, nesta quarta-feira (16), dando conta da eleição de um “forasteiro” para a Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH), confesso, me encheu – além de orgulho pelo excelente trabalho dos jornalistas Lucas Ragazzi e Guilherme Peixoto – de tristeza e profunda desesperança, ainda que as tenha desde muito, infelizmente. Aliás, a cada novo pleito, elas se renovam e revigoram.

Totalizados os votos, nomes de vereadores que não conseguiram a reeleição, a despeito do bom trabalho realizado durante a vereança, como Ciro Pereira (Republicanos) e Sérgio Fernando (MDB), para ficar com dois exemplos, bem como de outros candidatos com ótimos serviços prestados à cidade, como Álvaro Goulart (PSD), que não obtiveram os votos necessários, mereciam a vaga ocupada por Lucas Ganem, o tal forasteiro.

O novo vereador, eleito com mais de 10 mil votos – feito alcançado por apenas 17 dos 41 eleitos -, jamais residiu em Belo Horizonte ou trabalhou em prol da cidade e sua população. Pior. Nem mesmo sequer apresentou ideias e projetos que justificassem sua eleição. Tão somente utilizou de forma extremamente eficaz suas redes sociais. Aliás, até seu “sobrenome” é artificial; emprestado do padrinho político, um parlamentar paulista.

Segundo turno à frente

Por alguma razão que desconheço, ou melhor, que não consigo compreender, o brasileiro vota sem adotar os mesmos critérios que regulam sua vida pessoal. Antes de contratarmos um funcionário ou escolhermos um emprego, fazemos uma espécie de seleção a partir das nossas crenças e valores, e estabelecemos requisitos objetivos antes de tomar uma decisão. Na hora da eleição, contudo, abandonamos por completo tal regra.

O brasileiro trocou José Serra por Lula, em 2002, e por Dilma, em 2010. Trocou Henrique Meirelles por Jair Bolsonaro, em 2018. E assentou na Presidência da República, mais uma vez, um condenado por corrupção e lavagem de dinheiro, que a despeito da anulação de seus processos e a consequente prescrição de suas penas, jamais, em tempo algum, foi absolvido por qualquer tribunal. Isso porque o antecessor era um golpista doidivanas.

Em mais alguns poucos dias teremos o segundo turno das eleições, que irá definir o próximo prefeito da cidade. Ou Fuad Noman (PSD) ou Bruno Engler (PL) irão administrar Belo Horizonte pelos próximos quatro anos, a partir de 2025. Antes de apertarem o número de seu escolhido na urna eletrônica – que, sim, é segura! -, por favor, comparem o currículo, a trajetória e a história de cada um, para não se arrependerem depois.

Não votem com o fígado ou motivados por questões ideológicas que não serão tratadas em âmbito municipal, e que não irão fazer com que nossas vidas melhorem. Escolham o mais preparado. Escolham quem tem experiência em gestão pública. Escolham quem tem vida própria. “Ah, Ricardo, isso é indireta para votar no Fuad”. Não. É apenas meu critério. Cada um vote em quem quiser. Até mesmo em um forasteiro, como o tal Lucas Ganem, ou em quem jamais teve um emprego na vida, se é que me entendem.

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