Celso Amorim disse a Andreia Sadi nesta segunda (29) que escolheu esperar a publicação das “atas” (boletins de urna) na Venezuela, mas a verdade é que o golpe já foi dado.
Maduro autoproclamou-se reeleito já no domingo (28), apenas 11 dias depois de prometer um “banho de sangue” se perdesse.
Minutos depois de Amorim falar com Sadi, o Itamaraty publicou nota com o mesmo raciocínio: o governo brasileiro “[a]guarda (…) a publicação pelo Conselho Nacional Eleitoral de dados desagregados por mesa de votação, passo indispensável para a transparência, credibilidade e legitimidade do resultado do pleito”.
Muito bonito, mas acontece que Maduro já cantou vitória antes disso, e portanto não está nem aí.
A estratégia de Amorim lembra o three-card monte, também conhecido como “jogo da vermelhinha”, um típico truque de vigaristas para enganar otários.
Nesse jogo, o desafio é encontrar a carta vermelha entre outras duas pretas. Acontece que o desafio é impossível; a banca sempre trapaceia, inclusive deixando o otário ganhar na primeira vez para se empolgar e apostar mais.
Pedir os boletins de urna a Maduro depois de ele proclamar vitória sem eles é como pedir para que a banca mostre a carta vermelha. Na hora que estava valendo a carta não saiu.