A economia brasileira surpreendeu positivamente no terceiro trimestre de 2024, registrando um crescimento de 0,9% em relação ao trimestre anterior, conforme dados divulgados pelo IBGE. Este resultado superou as expectativas do mercado e foi impulsionado principalmente pelo desempenho robusto dos setores de serviços e da indústria.
O setor de serviços apresentou um avanço de 0,9%, enquanto a indústria cresceu 0,6%. A indústria de transformação foi o destaque, com um crescimento de 1,3%. Contudo, outros segmentos industriais enfrentaram dificuldades: a construção recuou 1,7%, energia e saneamento diminuiu 1,4%, e o setor extrativo teve uma redução de 0,3%.
O único setor que apresentou retração foi a agropecuária, com queda de 0,9%. Segundo a análise da FIEMG, isso se deve “tanto pelas safras recordes do ano anterior, o que elevou a base de comparação, quanto pelos eventos climáticos extremos neste ano, que provocaram secas, queimadas e chuvas em excesso”.
Na ótica da demanda, o crescimento foi sustentado pelo consumo das famílias, que aumentou 1,5%, e pelos investimentos, com alta de 2,1%. O consumo do governo teve uma elevação moderada de 0,8%. A FIEMG destaca que “esses resultados estão relacionados ao mercado de trabalho aquecido, aos reajustes salariais superiores à inflação, às transferências governamentais e aos efeitos defasados do último ciclo de redução da taxa de juros, com moderada melhoria das condições de crédito”.
O setor externo contribuiu negativamente para o crescimento no trimestre, com as exportações reduzindo-se em 0,6% e as importações apresentando alta de 1%. A FIEMG explica que “a queda das exportações refletiu o ritmo mais lento das vendas dos produtos agropecuários e extrativos, enquanto, nas importações, as altas mais relevantes ocorreram em máquinas e equipamentos, produtos químicos e veículos automotores”.
No acumulado dos três primeiros trimestres de 2024, o PIB cresceu 3,3% em comparação com o mesmo período de 2023. O setor de serviços expandiu 3,8%, a indústria 3,5%, enquanto a agropecuária registrou queda de 3,5%.
Para 2024, a FIEMG projeta um crescimento de 3,4% do PIB, com destaque para o setor industrial (3,7%) e serviços (3,9%). A agropecuária deve encerrar o ano com retração de 2,5%. A federação destaca que “a recuperação da atividade industrial deverá atuar como um motor para o crescimento econômico”, com o segmento de transformação ganhando impulso “favorecido pela melhora da renda disponível das famílias e pelo aumento dos investimentos produtivos”.
Contudo, as perspectivas para 2025 indicam uma possível desaceleração. A FIEMG aponta que “a expectativa de uma política fiscal menos expansionista, combinada com o aumento do risco fiscal e a forte desvalorização cambial, pode levar o Banco Central a elevar a taxa Selic, impactando negativamente a atividade econômica e o mercado de trabalho”.