Meu saco encheu! Hora de falar sobre Galo, Rs e imprensa

Quando ouço ou leio alguém fazendo essa pergunta cretina – “Cadê o dinheiro do shopping?” – tenho vontade de voar na jugular
Segundo Lula, pobre não entra na Arena MRV
Foto: Atlético

Quis o destino que eu – empresário há décadas – caísse sem paraquedas no jornalismo e que seja hoje a minha profissão. Com passagens pelo jornal Estado de Minas e portal UAI, do grupo Diários Associados, Rádio Itatiaia, revista e site Istoé, atualmente – além de comentarista da Rádio 98 e colunista da revista Encontro e do portal O Antagonista – sou também publisher deste O Fator

Se não sou “gigante” como outros, seguramente sou “grande” como muitos. Consciente, portanto, do meu tamanho e lugar, sei que tenho voz – e do que adiantaria tê-la, mas não usá-la? Se sou conhecido também pela coluna “Opinião Sem Medo” e se jamais me omiti do debate político nacional, por que então deveria me omitir do debate local, principalmente sobre algo que me toca tanto?

Falar de Atlético não é fácil, pois envolve tanta emoção que, como analista, corro o risco de me deixar contaminar. Aliás, o que não tem faltado a este assunto, ultimamente, é “contaminação”. O nível de – sei lá o termo mais apropriado – paixão, infantilidade, imaturidade, sensacionalismo, enfim, de exagero que tem pautado a maioria absoluta dos comentários é assustador.

Vamos por partes

Sou tão atleticano quanto qualquer um dos mais de oito milhões de alvinegros apaixonados. Nem mais nem menos. Ponto. A diferença é que faço parte de um seleto grupo que não apenas torce, mas vive e – cada um com seu grau e tamanho, de acordo com a função – trabalha em prol do Atlético. Tal condição me confere um olhar diferenciado, o que não significa melhor ou pior; certo ou errado.

Sou conselheiro benemérito do Clube por préstimos inestimáveis, e isso me dá um orgulho danado. Seguramente houve, há e haverá quem tenha feito, faz e fará muito, mas muito mais do que eu. A estes, não apenas destino admiração e gratidão, como reconhecimento. O Atlético tem mais de 100 anos de história, e não é de um ou de poucos, mas de milhares (de colaboradores) e de milhões (de torcedores).

Independente, vigilante e atuante como conselheiro (e jornalista), possuo laços fraternais com o grupo que assumiu o comando do Clube a partir de 2020, notadamente com o presidente da Associação, Sergio Coelho, que conheço desde adolescente e que me levou para o Galo, e com Ricardo Guimarães, presidente do Conselho Deliberativo, um dos maiores atleticanos (vivos) que conheço.

Justiça seja feita

Para quem não sabe – e quase ninguém sabe -, Ricardo Guimarães, ao lado de outro gigante benemérito, Marcelo Patrus, também investidor da SAF, instalou com as próprias mãos os primeiros chuveiros elétricos da Cidade do Galo, construída, em parte, com dinheiro dele e de sua família – bem como com dinheiro e suor de muitos que hoje estão cuidando do Clube.

Aliás, de forma leviana, para não adjetivar de outra maneira, acusam o banqueiro: “Ele emprestava dinheiro a juros para o Atlético”. Sim, é verdade. Só se esquecem (às vezes, de propósito), de dizer que a juros bem abaixo do mercado. Não entendeu? Eu desenho. Ao invés de emprestar para outros CNPJs – com muito menos risco e mais rentabilidade – o “malvado” emprestava ao Galo.

Antes de falar dos outros três Rs, uma observação: quem milita no jornalismo esportivo local e diz que Sergio Coelho não entende nada de futebol, ou é muito desinformado ou muito desonesto. Notem que não estou me referindo ao “torcedor comum”, pois este não tem de saber de nada mesmo, mas a gente que deveria entender minimamente do que fala e escreve profissionalmente.

Investidores e atleticanos

Tenho relações superficiais com seu Rubens e Rafael Menin. Como comentarista da Rádio Itatiaia, por pouco mais de um ano, sempre foram extremamente cordiais e gentis comigo. Como conselheiro e colaborador eventual do Atlético, só tive ótimas experiências. Renato Salvador, mais ainda. Além de extremamente gentil e prestativo, é bastante reservado. Daniel Vorcaro não conheço pessoalmente.  

Uma das maiores injustiças e barbaridades ditas ultimamente sobre esse pessoal, notadamente os Menin, é: “Não têm alma atleticana e não sofrem como a torcida“. Os caras vivem dia e noite, ininterruptamente, 365 dias do ano o Clube. Além disso, carregam a responsabilidade da gestão e – atenção!! – botam muito, mas muito dinheiro “a fundo perdido” no Galo. Quem disse? Os números da SAF, ué.

Mas cadê o dinheiro do shopping?”. A dívida bilionária, contraída antes de eles assumirem, acrescida de juros anuais de 12% ao ano – briguem com o governo por isso – comeu. Como comeram os custos extras, principalmente as tais contrapartidas da PBH (sob gestão de Alexandre Kalil), pela construção da Arena MRV. Ou o estádio não custou o dobro do previsto inicialmente, antes da maldita covid?

Viagem interplanetária

A estrutura de governança corporativa da SAF prevê, dentre tantas regras rígidas de administração e compliance, um rigoroso trabalho de auditoria externa. Como toda sociedade anônima, os sócios precisam aprovar as contas. Além disso – lembrem-se sempre – o Atlético ficou com 25% da SAF, e a Associação conta, além do Conselho Deliberativo, com um Conselho Fiscal.

Assim, quando ouço ou leio alguém fazendo essa pergunta cretina – “Cadê o dinheiro do shopping?” – tenho vontade de voar na jugular, pois coloca sob dúvida a integridade de quem jamais tirou um único centavo do Atlético e, ao contrário, já enfiou bilhões de reais ao longo de décadas de má gestão anterior. Isso quando não falam: “Endividaram para comprar barato”. Alguém, na boa, poderia me desenhar isso?

Quer dizer, então, que contraio dívidas diversas com fornecedores, assumo dividas diversas passadas, invisto uma “caralhada” de dinheiro e depois compro tudo isso bem baratinho? É tanta viagem, mas tanta viagem, que chega a ser surreal ouvir gente repetindo. Fora os que dizem que “Trocaram um brejo que não valia nada por um estádio”. Claro. Aquela “porra” toda caiu do céu, né?

Vigarice sem fim

Chateou-me, especialmente, nos últimos dias, ler e ouvir gente que jamais deu um telefonema ou viu pessoalmente os 4Rs e a diretoria do Atlético, após a final contra o Botafogo, relativizando ou mesmo negando a dor dos caras. Isso é uma sacanagem cruel. Com o perdão da expressão, tem de ser muito, mas muito filho de uma P para espalhar algo tão mentiroso assim.

Repito: a dor desses caras, como atleticanos, é a mesma que a minha ou a de qualquer outro torcedor apaixonado, mas com as agravantes de: 1) sentirem-se responsáveis – e são! – pela derrota, e 2) fazerem as contas, perceberem que 500 milhões de reais foram para o ralo e que terão, eles mesmos, de colocar mais grana do que já colocaram. Como poderiam “não estar nem aí”?

Nunca frequentaram arquibancada”. Que mentira abjeta! “Não entendem nada de vestiário”. Se o Vargas tivesse feito um dos gols que perdeu, seria essa a retórica dos oportunistas ou fariam como em 2021 e estariam puxando o saco dos “mecenas”? “Estão destruindo o Atlético”. Sete títulos em quatro anos, uma SAF (a de maior valor), uma Arena e o quarto clube mais valioso do país. Que destruição, hein?

Rafael Menin

É por isso que, lá em cima, me referi a exageros (imaturidade, infantilidade etc). Parecem meninos birrentos, batendo o pé porque não ganharam algodão doce. Esquecem os fatos e passam para as ilações. Deixam a realidade e partem para a leviandade. Deixam o jornalismo e exercem a militância política e ideológica, com o eterno recalque: “Eles são bilionários, buááá!!”. Caramba, quanta pobreza de espírito.

O Ricardo Guimarães tem uma briga antiga com o Kalil”. E daí? O que o Atlético tem a ver com isso? Por que, como pessoa física, um dono do Galo não pode brigar com quem quiser? “O Menin doou dinheiro para campanhas eleitorais”. O dinheiro é dele, caramba! Repito: o que o Galo tem a ver com isso? E agora a picuinha da vez é com uma troca de mensagens entre Rafael Menin e um jornalista.

O repórter escreve o que quer, um dos donos da SAF lhe manda uma mensagem de WhatsApp, o sujeito dá publicidade – a meu ver, indevida – e dizem: “Dono do Atlético ameaçou jornalista”. Ah, fuck you!, como diria Dona “Esbanja” a Elon Musk. Ameaçou onde? E por que “dono do Atlético” e não “dono de construtora”, “dono de banco”, “dono da casa do caraio”? Porque não rende nota, né? Não atira a torcida contra.

Batam na medalinha, pô

Quando iniciei dizendo que não adianta ter voz e ficar calado, como é meu caso, é sobre isso que escrevo agora. Estou de saco cheio de assistir a tudo isso quieto, à parte do debate. É impossível ver, ler e ouvir tanta injustiça, tanta mentira, tanta manipulação barata, tanto sensacionalismo cretino e ficar quieto. Essa história com o Rafael Menin foi a gota d’água para mim.

Xinguem os caras o quanto quiserem porque perdemos duas copas e quase caímos para a segunda divisão, mas xinguem por motivos certos: Victor não serve como diretor de futebol; Kardec, Vargas, Deyverson e companhia são jogadores de série B; o elenco é limitado; abandonaram o campeonato brasileiro etc. etc. etc. Motivos há de sobra para dar porrada. Não precisam apelar para mentiras e injustiças.

Se tivéssemos caído no domingo, com mais um pênalti decisivo perdido pelo Hulk, quantos não iriam atacar aquele que nos deu tantas alegrias e que entrega a vida pelo Galo? O mundo do futebol é sujo, é cruel? Ok, é. Mas “jornalistas” não podem fazer parte dessa sujeira toda. É necessário o mínimo de zelo profissional e de responsabilidade com a audiência que conquistaram.

Aconteceu comigo

No domingo, 1, o mais insuportável de todos os domingos da minha vida, me enviaram um texto, escrito por um amigo meu – um cara verdadeiramente íntegro e maravilhoso -, com um monte de besteiras sobre os Rs, Kalil e a realidade atual do Clube. Como sei da idoneidade do autor, liguei para ele e conversamos sobre tudo, inclusive a dor que sentíamos.

Ao me ouvir, refletir e entender o que lhe expliquei sobre os bastidores da política e do Galo – que conheço como partícipe, e não por ouvir falar -, ele reconheceu que errou, que estava de cabeça fervendo quando escreveu (impactado pelo pranto do filho após a final contra o Botafogo), e me disse que iria rever seus posicionamentos – um gesto típico dos maduros, humildes e de boa fé.

No dia seguinte, por vontade própria do autor – e sou testemunha disso -, o que alguns “jornalistas” espalharam nas redes sociais e em grupos de WhatsApp? “O Menin censurou o texto”. Percebem a diferença entre a verdade e as calúnias que irresponsáveis publicam, atirando o nome das pessoas na vala comum, comprometendo, inclusive, a segurança delas?

Pronto. Já deu

Eu sei que com este texto vou irritar alguns colegas, talvez desfazer relacionamentos e conquistar desafetos. Outro dia, um amigo mais do que querido – e atleticano até não poder mais -, me escreveu agradecendo por eu “Sempre defender o Galo e ter coragem para rebater as mentiras”. Vindo de quem veio, me tocou bastante. Também por ele, não poderia ficar calado. Gostem ou não os que preferem os holofotes à verdade.

Quem me conhece e me acompanha, já nestes mais de oito anos de comunicação, sabe da minha impulsividade e sinceridade nos meus comentários e opiniões. Sabe, também, que tenho minha vida profissional resolvida e que não dependo de ninguém para me sentir obrigado a militar por algum partido, defender algum político ou simplesmente puxar o saco de alguém.

O Atlético, para mim, é uma coisa muito séria. Muito mais do que eu gostaria e que a saúde recomenda. Como a um filho, quem do Galo cuida a mim conquista. Eu sei quem e como cuidam do CAM hoje, e garanto: entre erros e acertos, jamais faltou amor pelo Clube. Jamais faltou integridade. Se não basta para alguns, ok. É legítimo. Mas não ultrapassem a linha da justiça e do razoável. E isso não é ameaça, não, ok?

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