Os detalhes da estratégia do governo de Minas para ampliar orçamento do Judiciário em 2025

Poderes estruturam operação que vai ampliar previsão de receitas dos tribunais no ano que vem
Foto mostra a fachada do TJMG, em BH
Acordo para mudanças no orçamento de 2025 muda texto a ser votado por deputados. Foto: Euler Júnior/TJMG

O governo de Minas Gerais e o Tribunal de Justiça do estado (TJMG) estruturam uma operação financeira que movimentará R$ 1,3 bilhão entre os Poderes. O movimento, formalizado por meio de um Termo de Cooperação Técnica e Financeira, prevê um intercâmbio de recursos entre verbas de investimento e custeio, o que pode servir para o pagamento de gastos com pessoal.

A estratégia está relacionada às mudanças que o governo de Romeu Zema (Novo) fará no orçamento do poder público estadual para 2025. Como O Fator mostrou nessa sexta-feira (13), o Executivo quer que os deputados estaduais votem, na semana que vem, uma peça orçamentária com alterações em relação à versão original do texto. O objetivo é ampliar os valores previstos para repasse ao TJMG, ao Ministério Público (MPMG) e à Defensoria Pública (DPMG).

O Termo de Cooperação entra na equação como elemento importante para a concretização da ampliação dos repasses ao Judiciário. O mecanismo envolve duas etapas: primeiro, o TJMG devolverá ao governo estadual R$ 1,3 bilhão em recursos de investimentos, que serão direcionados à Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp). Em contrapartida, o Executivo se compromete a repassar o mesmo valor ao Judiciário em verbas de custeio.

Tensão crescente

Em seus termos originais, o orçamento de Minas Gerais para o ano que vem estima um rombo de R$ 7,16 bilhões nas contas públicas. Os gastos previstos são da ordem de R$ 133,8 bilhões, enquanto as receitas ficam em R$ 126,66 bilhões.

Inicialmente, o governo não concedeu o aumento orçamentário pedido pelo Judiciário, optando por considerar um percentual menor do que o reivindicado pela magistratura. A alta cúpula dos tribunais, então, passou a temer prejuízos ao funcionamento das instituições de Justiça e o encerramento das atividades de comarcas no interior. Ao longo da semana, foram feitas reuniões entre emissários dos Poderes a fim de desatar os nós da questão.

Em meio às dissonâncias, há outro ingrediente: o teto de gastos decretado por Zema em agosto, a reboque da entrada de Minas no Regime de Recuperação Fiscal (RRF). A trava limita o crescimento das despesas primárias estaduais à flutuação da inflação e é uma contrapartida para a renegociação da dívida com a União.

Apesar disso, integrantes do Judiciário, à época, criticaram o fato de o teto ter entrado em vigor sem debates prévios com outros Poderes — o que acabou ensejando, inclusive, uma tentativa de deputados estaduais de oposição de emplacarem um projeto de resolução (PRE) para sustar o decreto.

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