O ano eleitoral de 2024

Na violência política de gênero, a maior vítima é a democracia. Que nas próximas eleições, tenhamos mais mulheres eleitas
Foto mostra cabine de votação
Foto: Paulo Pinto/Agencia Brasil

Nas reflexões de fim de ano, sempre faz-se um balanço dos acontecimentos: o que foi bom e o que poderia melhorar.

O ano de 2024 foi um ano tipicamente eleitoral, com diversas de eleições: municipais, com candidatos a prefeitos e vereadores; na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB); eleições no Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e até mesmo a eleição presidencial nos Estados Unidos.

Nas eleições municipais, 727 mulheres foram eleitas para o cargo de prefeita, representando aproximadamente 13% dos 5.570 municípios do país. Houve um aumento em relação à última eleição, mas ainda assim são poucas as representantes femininas nas nos executivos municipais.

Considerando-se que as mulheres constituem mais de 50% da população brasileira, a ampliação da participação feminina na política permanece um desafio importante para a promoção da igualdade de gênero no país.

Em relação à vereança, conforme noticiado pelo site G1, 10.634 mulheres foram eleitas, representando 18,24% do total de 58.309 vagas disponíveis nas câmaras municipais.

Houve um aumento em relação às eleições de 2020, quando 9.371 mulheres foram eleitas, correspondendo a 16,13% das vagas. Mas, percebe-se que foram eleitos 81,76% de homens, um número equivalente a quatro vezes mais que as mulheres.

Nas eleições da OAB por todo o país, em 26 estados mais o Distrito Federal, apenas seis mulheres foram eleitas para as seccionais, representando uma proporção de 22% contra 78% de presidentes do sexo masculino. Pela primeira vez, foram eleitas mulheres em Pernambuco, Ceará, Espírito Santo e Rio de Janeiro – além de duas reeleições, nos estados da Bahia e de Mato Grosso.

Na eleição do MPMG, concorreram quatro homens, ou seja, nenhuma mulher para o cargo de procurador-geral de Justiça. Aliás, até hoje Minas Gerais não teve uma mulher ocupando esse cargo.

Lá fora

Os Estados Unidos deram uma lição de democracia nas eleições, com uma mulher negra concorrendo ao cargo presidencial. O pleito foi realizado em 5 de novembro último, com a vitória de Donald Trump (Republicano) sobre Kamala Harris (Democrata). Trump assegurou 312 votos no Colégio Eleitoral, superando os 226 de Harris, e obteve vantagem de 1,6% no voto popular.

Kamala foi a primeira mulher e a primeira pessoa negra de ascendência sul-asiática a ocupar a vice-presidência dos EUA. A candidatura de Harris representou um marco significativo na política americana, simbolizando avanços na representatividade de gênero e racial. A derrota da democrata suscitou debates sobre as barreiras que as mulheres ainda enfrentam para alcançar os mais altos cargos políticos nos Estados Unidos. Em reportagem do jornal El País, especialistas apontam que, apesar dos progressos, persiste uma percepção de que o cargo de presidente é predominantemente masculino, o que pode influenciar a decisão dos eleitores. Apesar dos avanços, os EUA ainda não estão preparados para uma mulher presidente.

No sistema eleitoral, a mulher sofre da violência política que é aquela com finalidade de impedir ou restringir o acesso e exercício de funções públicas e/ou induzi-la a tomar decisões contrárias à sua vontade.

No Brasil, a Câmara dos Deputados promoveu uma campanha de combate à violência política de gênero, com o objetivo de alertar para os impactos desse tipo de conduta na democracia e na participação feminina nos espaços de poder. Quanto mais homens forem eleitos, mais pensamentos e vontades masculinos ter-se-ão. E menos mulheres nos espaços de poder.

Na violência política de gênero, a maior vítima é a democracia. Que nas próximas eleições, tenhamos mais mulheres eleitas!

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