Itamaraty notifica tribunal inglês sobre acordo de Mariana

Mineradoras podem usar autos para alegar que não cabem novas indenizações em Londres
Parlamento em Londres
Acordo de Mariana agora nos autos em Londres. Foto: Dominika Gregušová/Pexels

A embaixada brasileira em Londres enviou, a pedido do Supremo Tribunal Federal (STF), cópia do acordo de Mariana para o tribunal inglês que está julgando processo contra a mineradora BHP Billiton.

O documento, revelado por O Globo na sexta passada (20), também foi obtido por O Fator.

“A mando da Suprema Corte do Brasil, a Embaixada do Brasil gentilmente pede que o acordo, o maior e mais abrangente acordo de repactuação já concluído, seja encaminhado ao Tribunal Comercial e de Propriedade da Inglaterra e País de Gales e ao Tribunal de Tecnologia e Construção, nos quais processos relacionados estão tramitando”, diz um trecho.

O documento é datado de 11 de dezembro. No dia seguinte, o Tribunal Superior de Justiça da Inglaterra (High Court of Justice) autorizou a descontinuidade do processo por quatro municípios, que desistiram da ação em Londres contra a BHP Billiton. Essas prefeituras optaram por assinar o acordo de repactuação da barragem de Mariana no Brasil.

Assinam a representação contra a BHP Billiton em Londres mais de 620 mil atingidos, entre municípios, indivíduos, entidades religiosas, comunidades tradicionais e empresas.

Já o acordo no Brasil foi assinado em 25 de outubro e prevê um total de R$ 170 bilhões em compensações, dos quais R$ 6,1 bilhões serão destinados a 45 municípios atingidos. A distribuição dos recursos será proporcional aos danos sofridos por cada localidade.

O envio da repactuação ao tribunal inglês pode ajudar as mineradoras, que podem passar a argumentar que não se aplica duas penas pela mesma falta. Ou seja, acertada a repactuação no Brasil, não caberiam outras indenizações.

O rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, em novembro de 2015, matou 19 pessoas. A mina era administrada pela Samarco, mineradora controlada pela Vale e BHP Billiton. Considerado o maior acidente ambiental da história do Brasil, o desastre impactou drasticamente mais de 40 municípios, chegando a contaminar 600 quilômetros de extensão até o oceano Atlântico, afetando três reservas indígenas e milhares de pessoas ao longo do Rio Doce.

O prefeito de Mariana, Celso Cota (PDT), disse em entrevista neste mês que o processo em Londres perdeu força diante da repactuação já acordada no Brasil.

O prefeito eleito Juliano Duarte (PSB), que assume Mariana no próximo dia 1º, tem adotado postura mais cautelosa, sinalizando que pretende aguardar os desdobramentos da ação londrina antes de assinar a repactuação no Brasil homologada pelo STF.

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