Primeiro curso de Pajés reúne lideranças Tikmũ’ũn-Maxakali em Minas

Lideranças enfatizaram a urgência em “curar a terra” e homenagearam lideranças históricas como Cascorado e Capa
Em 18 meses, a iniciativa recuperou 150 hectares de Mata Atlântica e implementou 60 hectares de quintais agroflorestais. Foto: Divulgação/Joabe Lima
Em 18 meses, a iniciativa recuperou 150 hectares de Mata Atlântica e implementou 60 hectares de quintais agroflorestais. Foto: Divulgação/Joabe Lima

Em um momento histórico para os povos indígenas de Minas Gerais, a Terra Indígena Maxakali, na região do Vale do Mucuri, sediou, entre os dias 10 e 13 de janeiro, o primeiro Curso de Pajés da comunidade Tikmũ’ũn-Maxakali. O encontro, realizado na Aldeia Vila Nova, reuniu lideranças espirituais, mulheres, crianças e agentes agroflorestais em uma celebração sem precedentes das tradições ancestrais.

“Com todas essas aldeias e toda essa contingência histórica que isolou os pajés, a oportunidade de se encontrarem nesse momento foi muito importante e intensa”, destaca Rosângela de Tugny, coordenadora-geral do projeto Hãmhi | Terra Viva.

Durante o encontro, os pajés enfatizaram a urgência em “curar a terra” e homenagearam lideranças históricas como Cascorado e Capa Onça, assassinados durante a luta pela ampliação do território indígena. Isael Maxakali, liderança, pesquisador doutor pela UFMG, artista e cineasta, ressalta: “Os pajés são cuidadores da história, guardam as memórias dos antepassados e estão passando os conhecimentos deles para os jovens, para continuar fortalecendo nosso território”.

Um dos momentos marcantes do evento foi a distribuição de sementes crioulas, incluindo sementes de Jerivá, doadas pela Teia dos Povos. O ato simbolizou renovação e esperança para a comunidade. Os participantes também realizaram vivências no viveiro-escola, chamado de “útero da floresta”, onde grupos de pajés e mulheres entoaram cantos tradicionais entre as mudas.

O encontro aconteceu em uma área que já demonstra resultados positivos do projeto Hãmhi | Terra Viva. Em 18 meses, a iniciativa recuperou 150 hectares de Mata Atlântica e implementou 60 hectares de quintais agroflorestais, contribuindo para a soberania alimentar e cultural da comunidade.

O encerramento do curso foi marcado por corridas tradicionais, cantos e manifestações emocionadas dos participantes. Jovens da Aldeia Verde, que mantêm vivas as práticas espirituais mesmo sem a presença de pajés mais velhos, reafirmaram seu compromisso com a preservação das tradições Tikmũ’ũn.

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