Guilherme Jorgui
Um grupo cada vez maior de deputados estaduais e federais de Minas Gerais têm se queixado de desencontros políticos provocados durante a marcação de agendas do vice-governador Mateus Simões (Novo) em cidades do interior. Parlamentares e assessores de diferentes partidos ouvidos sob reservas por O Fator afirmam que a ex-deputada estadual Celise Laviola, hoje servidora do gabinete de Simões, tem tentado atrair lideranças locais das bases eleitorais de outros parlamentares. Um dos objetivos de Celise seria encorpar o leque de alianças do filho, Zé Laviola (Novo), que exerce mandato na Assembleia Legislativa.
Segundo um interlocutor do governo mineiro, há uma orientação para que agendas na Região Leste, um dos principais redutos eleitorais da família Laviola, só sejam marcadas se houver a confirmação da presença do filho de Celise.
O script dos desencontros é, segundo as fontes, quase sempre similar: os deputados são informados pelos prefeitos sobre as agendas, ocorridas em cidades próximas ou na Cidade Administrativa, em Belo Horizonte. Nos encontros, os chefes dos Executivos municipais passam a ser cortejados para migrar de grupo com a contrapartida de terem as demandas locais aceleradas.
Representantes do Novo reconhecem momentos de mal-estar. Um episódio do tipo teria acontecido quando Zé Laviola foi anunciado como integrante da comitiva do governador Romeu Zema (Novo) que, em novembro do ano passado, participou de uma viagem à China.
“Era uma agenda que não dizia respeito a nenhuma das comissões que ele integra na Assembleia. Gerou muito ciúme à toa”, disse o interlocutor, sob a condição de anonimato.
Contraponto
Outros interlocutores do governo de minas ouvidos pela reportagem — também sob anonimato — não reconhecem os alegados “atropelos”. Eles destacaram que, por sua experiência no Legislativo, Celise sabe que os parlamentares precisam ser valorizados como parte da relação com as prefeituras.
“O trabalho que ela faz é justamente o de orientar o vice-governador no caminho de construir com prefeitos e deputados essa articulação”, rebateu.
O Fator procurou o governo de Minas a fim de obter comentários de Mateus Simões e Celise Laviola sobre o caso. Ainda não houve resposta, mas o espaço segue aberto.
A reportagem ainda acionou diretamente Zé Laviola, bem como sua equipe de comunicação. O parlamentar não se manifestou, mas ainda pode fazê-lo caso deseje.
