O BNDES executou no ano passado 1,6% do orçamento destinado a investimentos administrativos – ou seja, em bens e equipamentos do próprio banco.
Os dados estão em portaria do Ministério da Gestão publicada na semana passada, com o relatório de execução orçamentária das estatais.
Pelo balanço do ministério, o banco realizou em 2024 pouco mais de R$ 1,6 milhão em investimentos – de um total de R$ 107 milhões previstos.
Para efeitos de comparação, no mesmo período a Petrobras executou mais de 65% de sua verba prevista para investimentos administrativos, e os Correios gastaram quase 62%. O Banco do Brasil passou dos 70%. A Eletronuclear ficou próxima dos 40%.
A Infraero gastou mais de R$ 188 milhões, ou quase 50% de uma dotação bem maior (R$ 380 milhões) que a do BNDES.
Em nota a O Fator, o BNDES disse que os valores na portaria “não correspondem aos desembolsos operacionais”, e sim “abrangem despesas com manutenção de bens imóveis, manutenção e adequação de bens móveis, máquinas e equipamentos, além de ativos de informática”.
“O grau de execução orçamentária verificado não comprometeu o cumprimento do planejamento estratégico do Sistema BNDES previsto para o exercício”, acrescentou o banco.
O banco registrou ainda que o último balanço disponível mostra que o BNDES registrou lucro líquido recorrente de R$ 9,8 bilhões de janeiro a setembro de 2024.
Os desembolsos para clientes no período foram de R$ 87 bilhões, e as aprovações de crédito alcançaram R$ 137,4 bilhões.
O BNDES respondeu também que a taxa de inadimplência dos clientes é de 0,001% (90 dias), bem abaixo da média do mercado (3,24% geral e 0,26% para grandes empresas em setembro de 2024).
Também procurado, o Ministério do Desenvolvimento repetiu parte da resposta do BNDES.
Em 2023 a execução de investimentos administrativos do BNDES foi de mais de 15% do orçamento; foram gastos mais de R$ 7,4 milhões.
No mesmo dia em que publicou a portaria com os balanços dos investimentos, o Ministério da Gestão celebrou que o investimento das estatais cresceu 44% em 2024. A publicação tem sido usada pelo governo Lula para minimizar a gravidade do déficit das estatais.
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