O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), sinalizou nesta terça-feira (25), ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a intenção de ir a São Paulo (SP) em 6 de abril para participar de uma manifestação em prol da anistia a condenados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro.
Zema e Bolsonaro conversaram por telefone durante uma reunião do governador com o deputado federal Domingos Sávio, que preside o PL em Minas Gerais. Domingos procurou o chefe do Executivo para convidá-lo ao ato na Avenida Paulista e aproveitou o encontro para estabelecer o contato entre o ex-presidente e o político do Novo.
O último ato organizado pelo entorno de Bolsonaro para defender a anistia aconteceu no dia 16 de março, na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro (RJ). Zema não compareceu ao evento, mas outros governadores à direita, como Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e Cláudio Castro (PL-RJ), marcaram presença.
Subida de tom
Desde o início do ano, Zema subiu o tom nas críticas ao Judiciário. Nessa segunda-feira (24), protestou contra o julgamento de Débora Rodrigues dos Santos, que vandalizou a estátua “A Justiça”, nas imediações do Supremo Tribunal Federal (STF), durante os atos de 8 de janeiro. Em um vídeo publicado nas redes, Zema compara a situação de Débora a de pessoas envolvidas em investigações de estupro e tráfico.
“(Débora está) prestes a ser condenada a 14 anos de prisão. Você acha que isso é justo? Parece que tem alguma coisa errada com a Justiça do Brasil”, falou.
Na semana retrasada, ao projetar o julgamento de Bolsonaro iniciado nesta terça pelo STF, o governador mineiro falou em “desvirtuamento” das atividades das Cortes em funcionamento no país.
“O que me preocupa muito é a conotação política que o Judiciário tomou aqui no Brasil. Judiciário, em país sério, que funciona bem, julga. Aqui no Brasil, o que estamos vendo é um grande viés político. Um Judiciário que julga ao sabor do momento político. Isso é muito preocupante”, opinou, em entrevista à “CNN Brasil”.
Na mesma entrevista, Zema afirmou que o Judiciário tem sido convertido em “ferramenta de política” quando deveria se pautar pelas atribuições necessárias ao propósito de ser “ferramenta para fazer justiça”.
“Temos uma questão de condenações exageradas. Enquanto isso, o Judiciário deixa de prender boa parte dos criminosos que estão aí causando 40 mil assassinatos e homicídios no Brasil por ano”, emendou.
As críticas ao Judiciário renderam uma nota de desagravo publicada pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB). A entidade taxou as declarações de Zema de “ilações sem nenhum fundamento”.