O meu Galo amado, também conhecido como Clube Atlético Mineiro, acaba de demitir mais um treinador. Foi o 23º em pouco mais de 10 anos. Média de 2.3 tombados a cada ano trabalhado. Se dividirmos por jogos, então, o número será ainda mais dramático.
Tal prerrogativa não é do Atlético. É praxe no futebol brasileiro. Mas o Galo, convenhamos, é o suprassumo da matéria. Incompetência dos dirigentes, má sorte, maus resultados dos profissionais? Bem, sim e não. Ou tudo junto e misturado.
Porém, não há como negar que em todas as demissões houve um motor, uma força-motriz, a faísca que detonou o barril de pólvora. Estou falando, claro, da Massa. Da – como disse certa vez um dos piores e mais nocivos dirigentes do Clube – “torcida mais chata do Brasil”.
E não. Não estou culpando os atleticanos, não. Confesso que, particularmente, sou um corneta da porra (ops, desulpem o linguajar de arquibancada). Mas nem eu nem meus milhões de “brothers in arms” brancos e pretos, contratamos ou demitimos alguém.
Contudo, é inegável nosso poder de pressão sobre os dirigentes que, aí, sim, empilham treinadores como tiranos empilham cadáveres. E tal pressão, na maioria das vezes, é justa. É justificável. Afinal, todo brasileiro é, como é mesmo?, um treinador de futebol, hehe.
Este País – e sinto dizer de forma tão dura e deselegante – é uma pocilga. Somos achacados por um Estado ineficiente, corrupto e perdulário, que nos tunga 40% de tudo o que produzimos a partir de muito esforço e sacrifício (pessoal, familiar, emocional).
E pior que nos sugar o sangue, o suor, as lágrimas e muito dinheiro, é não devolver saúde, educação, segurança, infraestrutura… Ao contrário! Nos devolve tiro, porrada, bomba, doenças, subdesenvolvimento, assassinatos em massa e muita humilhação.
Porém, a despeito de tanta desigualdade, de tanto a dar e nada a receber, por alguma maldita razão que desconheço, os torcedores, digo eleitores, nós mesmos, não demitimos esses treinadores, ou melhor, políticos e governantes que nos afundam há décadas.
Infelizmente, adotamos postura contrária, e não apenas não lhes cobramos e damos o pé na bunda, como os defendemos, brigamos por eles com nossos amigos e familiares e, pior, os elegemos, indeterminadamente, ano após ano, década após década.
Quiçá tivéssemos com Lula, Bolsonaro, Calheiros, Kalil, Maluf, Aécio, Cabral, Barbalho, Gleisi, Zambelli, Nikolas, Duda e tantos outros exemplos de péssimos políticos e gestores, quando não péssimos seres humanos, o mesmo rigor que temos com (senta, que a lista é grande):
Celso Roth, Marcelo Oliveira, Procópio Cardoso, Paulo Bonamigo, Jair Picerni, Mário Sérgio, Tite, Marco Aurelio, Lori Sandri, Marcelo Oliveira, Levir Culpi, Tico dos Santos, Zetti, Silas, Emerson Leão, Geninho, Marcelo Oliveira, Alexandre Gallo, Marcelo Oliveira, Emerson Leão, Celso Roth, Wanderley Luxemburgo, Rogério Micale, Dorival Júnior, Cuca, Paulo Autuori, Levir Culpi, Diogo Giacomini, Diego Aguirre, Marcelo Oliveira, Diogo Giacomini, Roger Machado, Rogério Micale, Oswaldo Oliveira, Thiago Larghi, Levir Culpi, Rodrigo Santana, Wagner Mancini, Dudamel, James Freitas, Jorge Sampaoli, Cuca, Turco Mohamed, Lucas Gonçalves, Cuca, Eduardo Coudet, Felipão (apenas nos últimos 20 anos).
Para o azar do Brasil, os eleitores não são a torcida do Galo. E a torcida do Galo tá se lixando para quem governa o País. O importante é idolatrar o próximo presidente e limar o próximo treinador: “ei, fulano, vai tomate cru”.