A sala quase vazia de uma audiência sobre inteligência artificial na Câmara nesta quinta (9) comprovou o que eu já sabia: a maioria dos deputados federais está se lixando para o tema.
O evento de mais de três horas foi presidido por Aureo Ribeiro (Solidariedade-RJ), um dos dois únicos deputados que falaram. A outra foi Gisela Simona (União-MT).
Entre os não-deputados presentes, registre-se, estava Marcelo Lacerda, diretor de relações governamentais do Google Brasil, empresa que recentemente anunciou que não vai veicular anúncios eleitorais neste ano. Isso não é trivial: nas eleições de 2022, o Google recebeu R$ 126 milhões das diversas campanhas – o maior fornecedor, ao lado do Facebook.
Esta não foi a primeira vez em que uma audiência na Câmara sobre IA ‘flopou’ entre deputados, apesar do alto quilate dos especialistas.
Em dezembro de 2023, o então deputado Prof. Paulo Fernando (Republicanos-DF) foi o único parlamentar a participar da audiência “Inteligência artificial nos processos eleitorais”, requerida por ele mesmo.
A inércia dos deputados sobre o tema foi tão grande que deu brecha para o TSE editar normas sobre o assunto – em fevereiro, quando já era tarde demais para o Congresso produzir leis válidas para as eleições municipais deste ano.
O hype em torno da supostamente assustadora IA pode ter convencido muitos investidores em Wall Street, mas não assusta os deputados.
Em tempo: de toda a boataria, mentiras e teorias da conspiração ventiladas até agora sobre as enchentes no Rio Grande do Sul, nenhuma precisou de IA.