Guilherme Boulos votou nesta quarta (15) no Conselho de Ética da Câmara para salvar o mandato de André Janones (Avante-MG) no caso da ‘rachadinha’.
A representação contra Janones foi apresentada pelo PL em novembro. Boulos foi designado relator do processo, ou seja, aquele que escreve o parecer a ser votado pelos deputados.
A representação do PL cita a reportagem do Metrópoles que revelou áudio do próprio Janones dizendo: “Algumas pessoas aqui [do gabinete], que eu ainda vou conversar em particular depois, vão receber um pouco de salário a mais. E elas vão me ajudar a pagar as contas do que ficou da minha campanha de prefeito [de Ituiutaba, em 2016]”.
Segundo o Metrópoles, o áudio foi gravado por um ex-assessor de Janones em fevereiro de 2019 – portanto, depois da posse como deputado. A CNN Brasil teve o mesmo entendimento, porque em uma das gravações Janones fala em “uma porrada de deputado que apresentou projeto de lei ontem” e “hoje tem plenário à tarde”.
Os fatos não convenceram Boulos, que alegou que os fatos da representação seriam anteriores ao mandato de Janones. Boulos comprou por valor de face as alegações de Janones de que os áudios seriam mais antigos, e aceitou a ideia absurda de que os fatos teriam relação com a eleição de 2016. Isso não livra Janones: as despesas de 2016 seriam a motivação da rachadinha em 2019 (“as contas do que ficou da minha campanha”), e não importa se fossem mais antigas ainda.
Alexandre Leite (União-SP), veterano do Conselho de Ética cujo parecer cassou o mandato de Flordelis, não comprou os argumentos de Boulos, e disse que Janones é “praticamente um réu confesso naqueles áudios”.
Leite e Cabo Gilberto Silva (PL-PB) pediram vista, assim adiando a votação do parecer de Boulos.
Janones, o rei do Facebook, foi o 2º deputado mais votado em Minas em 2022, reeleito com 60 mil votos a mais do que em 2018.