A aparente calmaria entre o presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, Gabriel Azevedo (MDB), e a Prefeitura de Belo Horizonte, sofreu um leve abalo na sessão plenária da tarde desta quarta-feira (5). O vereador esbravejou contra o secretário de Governo, Anselmo Domingos (União Brasil), e disse que já havia ajudado a derrubar alguns secretários municipais, e caso ele continuasse atravessando a linha, seu destino não seria diferente.
E não foi nem recado. Na hora em que Gabriel se manifestou, o chefe de gabinete de Domingos estava no Plenário.
O presidente da Câmara ficou irritado ao saber que o secretário havia questionado a posição de vereadores independentes na votação do Projeto de Lei 660, que altera as regras da outorga onerosa na capital mineira, utilizando o nome do próprio Gabriel para tentar mudar o voto de integrantes da base do prefeito – que não seguiram orientação da prefeitura.
Conforme noticiou O Fator, auxiliares da PBH vinham abordando os parlamentares, cobrando fidelidade da base governista. Na votação anterior, boa parte dos vereadores, aliados de Fuad, se posicionaram contra a Prefeitura, surpreendendo o Executivo municipal.
A nova investida ocorre às vésperas da votação em segundo turno, no plenário da Câmara, prevista para esta semana. O projeto de lei que visa facilitar empreendimentos imobiliários em Belo Horizonte, é defendido por entidades de classe e grandes “players” da construção civil, o que dificultou a posição dos parlamentares, incluindo aliados do prefeito.
A aprovação do PL em primeiro turno, com 29 votos favoráveis – inclusive de vereadores do Avante, União Brasil e PSD, partido de Fuad -, foi fruto de intensa articulação envolvendo congressistas, em Brasília, e setores empresariais.
A votação acirrou ainda mais a crise entre Prefeitura e sua Base. Como revelado pelo O Fator, a mudança de cargo de uma indicada do Avante provocou atrito com a PBH, e o partido entregou outros cargos de sua indicação na Superintendência de Limpeza Urbana (SLU). Por isso, os votos dos vereadores Juninho Los Hermanos e Claudiney Dulim, ambos do Avante, foram encarados como uma resposta do partido a Fuad Noman.
Outras tretas
Essa não é a primeira rusga de Gabriel Azevedo com um responsável pela articulação da gestão Fuad (PSD) com a Câmara. Em agosto do ano passado, durante audiência pública sobre o Aeroporto Carlos Prates, o vereador acusou o então secretário de Governo, Josué Valadão, de estar interferindo nos trabalhos do Legislativo. “O senhor ambiciona sobretudo o poder”, disparou o presidente da Casa.
Ex-deputado estadual e ex-vereador de Belo Horizonte, Anselmo Domingos assumiu a secretaria de Governo no último mês de abril por indicação do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), a quem Gabriel Azevedo manifesta amizade.