Celso Amorim disse nesta terça (29) a deputados haver um “mal-estar” com a Venezuela, apesar de seu “coleguismo” com Maduro.
“Eu estive com o presidente Maduro, que me recebeu com muita cordialidade”, disse Amorim à Comissão de Relações Exteriores.
“Eu o conheço até do tempo em que ele foi chanceler do Chávez. Nós discutimos muitas questões, e em muitas questões nós procuramos ajudar a Venezuela… ajudar a Venezuela a se ajudar, a não criar complicações descabidas em certas situações. Não vou entrar em detalhe agora para não tomar muito tempo”, acrescentou.
“Então nós temos uma relação não apenas, digamos, de um enviado especial com um presidente da República, mas de um certo coleguismo, pelo menos”.
A recusa da Venezuela em publicar os boletins de urna (conhecidos como “atas”) e “outros fatores”, disse Amorim, criaram um “mal-estar; há um mal-estar hoje”. Amorim também disse que Lula não fala com Maduro desde a eleição.
Na verdade, o Brasil de se absteve no projeto da OEA que pedia à Venezuela para publicar os boletins de urna. Amorim disse hoje aos deputados que a abstenção se deveu, entre outros motivos, pelo texto não citar sanções.
Amorim reiterou que o Brasil não reconheceu o resultado da eleição na Venezuela – o que é verdade, mas também não parabenizou o opositor Edmundo González, hoje exilado na Espanha.
Amorim também disse aos deputados que “o Brasil não reconhece governos (…) reconhece estados”.
Não é exatamente verdade. Em 2009, sob Lula e Amorim, a embaixada do Brasil em Honduras abrigou o presidente deposto Manuel Zelaya.
Em 2012, no governo Dilma, o Brasil atuou para expulsar o Paraguai do Mercosul e permitir a entrada da Venezuela. No fim de 2016, no governo Temer, a Venezuela foi suspensa do bloco.
Amorim também confirmou publicamente que o Brasil se posicionou contra a entrada da Venezuela como parceiro dos BRICS.