As articulações que ‘travam’ a tramitação das privatizações de Cemig e Copasa na Assembleia

Projetos sobre as estatais, enviados ao Legislativo em novembro, ainda não foram lidos em plenário
Foto mostra prédio da Cemig
Projeto de privatização da Cemig chegou ao Parlamento no ano passado. Foto: Guilherme Dardanhan/ALMG

Enviados pelo governo Zema à Assembleia Legislativa em novembro do ano passado, os projetos que tratam da venda de ações da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) ainda não têm data para começar a tramitar no Legislativo. O pontapé inicial do processo de análise formal dos textos só acontecerá após os deputados estaduais definirem a composição dos novos blocos parlamentares da Casa e baterem o martelo sobre a composição das comissões temáticas.

A cada dois anos, no início do ano legislativo, os parlamentares ganham tempo para reorganizar as coalizões que dividem a Assembleia. Por causa das eventuais mudanças nos agrupamentos, é preciso modificar a distribuição dos assentos nas comissões entre os blocos. Assim, os primeiros dias de funcionamento da Casa neste ano terão foco voltado à formação dos blocos e à escalação dos colegiados.

Por ora, o principal impasse relacionado à composição dos blocos da Assembleia tem o PL no epicentro. Uma ala do partido, mais identificada com o ex-presidente Jair Bolsonaro, considera não renovar a participação na coalizão governista Avança Minas, que funcionou nos últimos dois anos com a participação de legendas como Cidadania, PSDB, MDB e Solidariedade.

Se a empreitada do grupo mais à direita do PL der certo, o plano é criar um quarto bloco na Assembleia, atraindo outras legendas de orientação conservadora, como o Republicanos.

Presidente prega cautela sobre privatizações

O presidente da Assembleia, Tadeu Leite (MDB), tem defendido que os debates a respeito das desestatizações de Cemig e Copasa aconteçam sem açodamento. 

“Eu, particularmente, não sou contra essa discussão. Temos, aí, diversas privatizações no país — várias que deram certo e outras tantas que não deram. Então, temos de, com muita cautela, entender o que o estado de Minas Gerais quer, mas, mais do que isso, o que o consumidor está querendo, porque o fundamental, em qualquer discussão, é pensar na melhoria dos serviços para as pessoas”, disse, nessa segunda-feira (3), após a solenidade de abertura das atividades legislativas em 2025.

No fim do ano passado, quando os corredores da Assembleia passaram a ser tomados por conversas a respeito do futuro das duas estatais, havia a avaliação de que a privatização da Copasa é um objetivo mais fácil que a pulverização, no mercado financeiro, das ações da Cemig.

Detalhes dos projetos

A pulverização do capital acionário da energética implica na transformação da empresa em uma corporação. Caso o Executivo fique com uma fatia que corresponda a pelo menos 10% de toda a companhia, teria direito a uma ação preferencial, a “golden share”, que permitiria, por exemplo, o exercício do direito ao veto.

O projeto enviado à Assembleia também prevê que nenhum acionista poderá ter mais do que 20% do capital votante. Acordos de acionistas para votos em bloco estão liberados, mas não poderão ultrapassar o já citado limite de 20%.

Hoje, o Palácio Tiradentes é dono de 17% das ações da Cemig. Paralelamente, possui 51% das chamadas ações ordinárias, que dão direito a voto.

Já o projeto da Copasa autoriza o governo a promover a desestatização da empresa por meio de duas possibilidades principais: “a alienação total ou parcial de participação societária” ou “a capitalização, mediante o aumento de capital, com renúncia ou cessão, total ou parcial, dos direitos de subscrição”.

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