A mineradora anglo-australiana BHP divulgou nesta terça-feira (27) seu relatório de resultados financeiros para o ano fiscal encerrado em 30 de junho, apresentando lucro de quase 14 bilhões de dólares – e, por conta disso, enfrentou críticas relacionadas ao desastre de Mariana.
Pelo comunicado, a empresa reportou um lucro subjacente de US$ 13,7 bilhões, com uma margem EBITDA de 54% e dividendos totais de US$ 7,4 bilhões para o ano. A BHP destacou um fluxo de caixa operacional líquido de US$ 20,7 bilhões e um retorno sobre o capital empregado (ROCE) de 27,2%.
No relatório, a BHP enfatizou avanços em projetos importantes, como a expansão da produção de cobre, que cresceu 9% no ano fiscal, e o desenvolvimento do projeto de potássio Jansen no Canadá, que está 52% concluído e à frente do cronograma inicial.
O relatório da BHP foi alvo de duras críticas por parte de Tom Goodhead, CEO do escritório de advocacia Pogust Goodhead, que representa as vítimas do desastre de Mariana ocorrido em 2015 no Brasil. Goodhead acusou a mineradora de subestimar gravemente sua exposição financeira relacionada ao rompimento da barragem.
“É chocante que a BHP continue menosprezando o impacto de sua exposição financeira ao rompimento da barragem de Mariana”, declarou Goodhead, lembrando que o julgamento do caso no Reino Unido está previsto para começar em outubro.
O advogado criticou veementemente as “estimativas baixas” fornecidas pela empresa durante a teleconferência de resultados, afirmando que isso “deve alarmar os investidores da BHP”. Ele cobrou maior transparência da mineradora quanto à sua responsabilidade no caso Mariana e ao potencial impacto financeiro sobre os ganhos futuros da companhia.
“É imperativo que a BHP adote a transparência e forneça aos investidores uma avaliação real de sua responsabilidade, especialmente em relação ao litígio no Reino Unido, e o impacto financeiro sobre os ganhos e classificações da BHP no futuro”, enfatizou Goodhead.
O advogado também destacou que, nove anos após o desastre, “pouco mudou para a região ou para os cidadãos afetados” e classificou os esforços de remediação da empresa como “dolorosamente lentos”.
“As tentativas da BHP de minimizar as dezenas de bilhões de dólares em danos pelos quais a empresa é responsável após seu papel no rompimento da barragem de Mariana são chocantes e extremamente decepcionantes”, acrescentou Goodhead.
No relatório financeiro, a BHP menciona brevemente o caso Mariana, informando que as negociações para resolver as reivindicações no Brasil estão em andamento e que a empresa continua se defendendo na ação judicial no Reino Unido. A empresa registrou um item excepcional de US$ 3,0 bilhões relacionado ao desastre de Samarco.