Câmara dos Deputados: as emendas mineiras ao projeto de refinanciamento das dívidas estaduais

Parlamentares do estado apresentaram sugestões ao arcabouço de renegociação de autoria do senador Rodrigo Pacheco, do PSD
Fachada da Câmara dos Deputados
Pauta do plenário da Câmara prevê análise de projeto sobre dívidas estaduais. Foto: Saulo Cruz/Câmara dos Deputados

Duas das mais de 20 emendas ao projeto de lei complementar (PLP) para a renegociação das dívidas dos estados com o governo federal levam a assinatura de deputados eleitos por Minas Gerais. O texto, que deve ser votado pela Câmara nesta quarta-feira (4), foi apresentado pelo presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e tem a federalização de ativos locais como forma de diminuir os débitos com o Palácio do Planalto.

As emendas mineiras ao chamado Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag) foram apresentadas por Pedro Aihara, do PRD. Em uma delas, ele tem a companhia de Fred Costa, do mesmo partido.

Na emenda conjunta, Aihara e Costa defendem um caminho adicional para amortizar os saldos devedores dos estados: o abatimento de uma fatia das dívidas por meio da prestação, por parte dos governos locais, de serviços de cooperação federativa, como defesa civil, segurança pública, proteção a testemunhas e combate ao crime organizado, obras de engenharia e atividades de navegação aérea.

A ideia é que a União solicite serviços do tipo aos estados, mas os governadores teriam a prerrogativa de oferecê-los ao Executivo federal. Se a tarefa demandada não estiver ao alcance do poder público estadual, será possível recusar a oferta. 

Em casos com acordo, as partes definiriam, antecipadamente, o valor base dos serviços prestados para o futuro abatimento na dívida. O cálculo consideraria, por exemplo, o custo real dos meios empregados para a realização da atividade, o tempo gasto para tal e as condições adversas enfrentadas pelos funcionários destacados à tarefa.

“Essa ideia permite que Estados transformem suas capacidades institucionais e operacionais em ativos que podem ser utilizados para amortizar suas dívidas com a União. É, portanto, uma solução prática, funcional e perene que vai ao encontro das realidades dos entes federados, especialmente aqueles que já prestam serviços colaborativos enviando tropas, equipamentos e pessoal para operações de defesa civil, segurança pública e participam de projetos de engenharia nos momentos de necessidade do País”, defende a dupla do PRD.

Outra sugestão

Na segunda emenda, Aihara pleiteia que o valor mínimo para amortizações da dívida seja definido levando em consideração a capacidade de pagamento de cada unidade federativa. As cifras seriam acertadas a partir de critérios como o Índice de Comprometimento da Receita Corrente Líquida (ICRCL), o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) médio ponderado dos municípios do estado e o percentual de investimentos feitos pelos governos locais em áreas como educação, saúde e infraestrutura.

“A emenda visa assegurar maior equidade no ajuste do valor mínimo de amortização extraordinária, considerando as diferenças socioeconômicas e financeiras existentes entre os entes federativos. Dessa forma, busca-se garantir que os estados e o Distrito Federal tenham condições adequadas de cumprir com os pagamentos sem comprometer investimentos essenciais ao bem-estar da população”, afirma o parlamentar, em texto enviado aos colegas para defender a aprovação da emenda.

Minas Gerais é um dos estados mais atentos à tramitação do Propag. O estado tem uma dívida que já chegou a estar perto dos R$ 165 bilhões e, embora tenha aderido ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) neste ano, vai ingressar no novo arcabouço assim que a proposta for regulamentada.

Se as emendas e as alterações propostas pelo relator na Câmara, Doutor Luizinho (PP-RJ), forem acatadas, o Propag terá de voltar ao Senado para nova análise. Caso isso não aconteça, a proposta poderá ir diretamente à mesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para sanção.

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