Confederação Brasil-Israel critica suspensão de compra de blindados pelo governo Lula por motivos ideológicos

José Múcio fez a declaração durante evento da CNI nesta quarta-feira
José Múcio disse que Israel ganhou uma licitação, mas a concorrência não foi finalizada devido a “questões ideológicas”. Foto: Agência Brasil
José Múcio disse que Israel ganhou uma licitação, mas a concorrência não foi finalizada devido a “questões ideológicas”. Foto: Agência Brasil

A Confederação das Câmaras de Comércio Brasil-Israel (CNBI) emitiu, nesta quinta-feira (10), uma nota criticando duramente a recente declaração do Ministro da Defesa, José Múcio, sobre a suspensão da aquisição de blindados para o Exército Brasileiro de uma empresa israelense.

Na nota, a CNBI expressa “perplexidade” com as revelações do ministro, que teria informado que a suspensão da compra se deve a “critérios ideológicos” do Governo Federal. A confederação argumenta que essa decisão vai contra o pragmatismo que deveria nortear as contratações públicas, desrespeitando princípios constitucionais como a legalidade e a neutralidade diplomática.

A CNBI ressalta que a empresa envolvida é privada, indicando que a ação do governo brasileiro não afeta apenas o governo de Israel, mas toda a sociedade israelense. A nota destaca a diversidade étnica e religiosa de Israel, argumentando que o boicote atinge não só judeus, mas também árabes, cristãos e outras minorias, incluindo cerca de 30 mil cidadãos brasileiros residentes no país.

Acusações de antissionismo

A confederação vai além e classifica a ação como uma forma de antissionismo, que considera uma versão moderna do antissemitismo. A nota afirma que atacar o “lar nacional do povo judeu” e as diversas comunidades que compõem a sociedade israelense deve ser repudiado.

Elogio ao TCU e compromisso da CNBI

A nota elogia a decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) que permitiu ao Exército Brasileiro prosseguir com suas aquisições legítimas. A CNBI reafirma seu compromisso de fortalecer os laços entre Brasil e Israel, prometendo enfrentar desafios para cumprir sua missão institucional dentro dos princípios legais e constitucionais.

A confederação encerra a nota repudiando “veementemente quaisquer tentativas de sanções ao povo judeu e israelense” através de pressões econômicas que consideram injustificadas e à margem da lei.

A nota é assinada por Eric Scheinkman, Presidente da CNBI, e Fernanda Pitchon, Presidente da Câmara Minas Gerais – Israel de Comércio e Indústria.

Leia a nota na íntegra:

A Confederação das Câmaras de Comércio Brasil – Israel (CNBI) vem a público manifestar a sua perplexidade com as revelações feitas pelo Ministro da Defesa, José Múcio Monteiro Filho, que informou à nação os óbices de levar a cabo a compra de blindados de empresa israelense em face de critérios ideológicos empregados pelo Governo Federal na condução desta compra, em detrimento do pragmatismo que deveria obrigatoriamente nortear as contratações públicas. A declaração do Ministro expõe que, longe de priorizar o interesse público, as decisões administrativas têm sido tomadas com base em alinhamentos ideológicos, em evidente desrespeito ao princípio da legalidade e à neutralidade diplomática que a Constituição da República impõe.

A suspensão da aquisição de blindados, que seria realizada junto a uma empresa israelense devidamente vitoriosa no processo licitatório, demonstra que o governo não apenas fere os princípios constitucionais da livre concorrência e da liberdade econômica, mas também age em prejuízo do povo brasileiro, ao submeter o interesse público a critérios ideológicos e diplomáticos indevidos.

Vale ressaltar que a empresa envolvida é uma companhia privada israelense, o que evidencia que o alvo do Governo Federal não é apenas o governo de Israel, mas o próprio povo israelense. Atualmente, Israel abriga uma população diversa, com aproximadamente 10 milhões de cidadãos, dos quais 7,3 milhões são judeus, 2,3 milhões são árabes muçulmanos, além de cristãos, drusos, bahá’ís e outras minorias, como os 30 mil cidadãos brasileiros que lá residem. A tentativa de boicote atinge toda a sociedade israelense, formada por uma diversidade étnica e religiosa. Portanto, essa ação é um ataque a um povo plural, prejudicando não apenas os judeus, como pretende o Governo Federal segundo a fala do Ministro, mas todas as comunidades que compõem o Estado de Israel.

Esse cenário reflete o antissionismo, que nada mais é que uma versão repaginada do antissemitismo, uma forma dissimulada de preconceito contra o povo judeu. O ataque ao lar nacional do povo judeu, e às diversas comunidades que fazem parte da sociedade israelense, deve ser repudiado em todas as suas manifestações.

Enaltecemos, na oportunidade, o Tribunal de Contas da União (TCU), que, em uma decisão fundamental, permitiu que o Exército Brasileiro prossiga com suas aquisições legítimas, protegendo o interesse público de interferências ideológicas e garantindo que o processo licitatório siga seu curso dentro da legalidade.

A Confederação das Câmaras de Comércio Brasil – Israel (CNBI) reitera seu compromisso de fortalecer os laços entre as duas nações, enfrentando todos os desafios que se impuserem ao cumprimento de nossa missão institucional, sempre alinhada aos princípios legais e constitucionais. Seguiremos firmes em nosso propósito de promover a liberdade econômica, a livre concorrência e a vedação de quaisquer práticas discriminatórias por motivos de raça, etnia, religião ou origem nacional. Repudiamos veementemente quaisquer tentativas de sansões ao povo judeu e israelense, por meio de pressões econômicas injustificadas e à margem da lei.

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