Desistência de candidato apoiado por prefeito embola eleição em Mariana; entenda

Nome escolhido por Celso Cota, que desistiu de tentar a reeleição, saiu do páreo alegando ‘problemas ocultos internos’
Foto mostra a cidade de Mariana, em Minas
Cenário eleitoral em Mariana ainda tem indefinições. Foto: Cecília Pederzoli/TJMG

A um dia do fim do prazo para o registro de candidaturas, a histórica cidade de Mariana, na Região Central de Minas Gerais, acompanha com expectativa a formação do quadro de candidatos a prefeito. Nessa terça-feira (13), o sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontava a homologação de apenas duas candidaturas: uma do PSTU, com Bruno Barreiro; outra, do PSB, com o ex-prefeito interino Juliano Duarte. Os olhos, porém, estão voltados ao grupo do atual prefeito, Celso Cota (PSDB), que abriu mão de disputar à reeleição e, nos últimos dias, viu seu indicado para a participação no pleito desistir da empreitada.

Eleito em 2020, Celso teve o registro de candidatura indeferido pelo Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG). Por isso, só conseguiu tomar posse em 2023. Até chegar ao Executivo, o prefeito eleito foi substituído por três interinos — entre eles, Juliano Duarte.

Apesar da possibilidade de tentar a reeleição, o tucano abriu mão da possibilidade após ter sido diagnosticado com a Doença de Parkinson. O prefeito e seu grupo, então, escolheram Bruno Mól (PSDB) como o candidato da situação. Mól, que enfrentou Celso nas urnas quatro anos atrás, seria amparado por uma coligação de sete partidos: PSDB, Cidadania, PSD, PP, PMB, Psol e Rede.

Há cinco dias, porém, Mól publicou um vídeo em que oficializa a desistência da eleição para o Executivo. Agora ex-candidato do grupo de Celso Cota, ele tentará uma vaga na Câmara Municipal.

“Infelizmente nossa campanha foi inviabilizada por problemas ocultos internos”, diz ele, na gravação. Nas imagens, Mól aparece ao lado do ex-vereador Gerson Cunha, que seria o candidato a vice na chapa apoiada pelo atual prefeito.

As reviravoltas em série surpreenderam até mesmo Juliano Duarte, que, de início, esperava enfrentar Celso Cota.

“O atual prefeito até nos procurou, querendo indicar o vice da nossa chapa. Mas nosso grupo já havia escolhido a vereadora Sônia Azzi (Republicanos)”, disse, a O Fator.

Agora, Juliano conversa com os partidos que faziam parte da coligação de Bruno Mól. “Durante minha gestão, sempre primei pelo diálogo, tendo entre os meus secretários até mesmo pessoas do grupo do Celso”, apontou.

Atualmente, Juliano tem uma coligação com oito partidos. O grupo reúne PSB, Republicanos, União Brasil, Avante, Solidariedade, e a Federação Brasil da Esperança, formada por PT, PV e PCdoB

Os motivos da desistência

Também a O Fator, Bruno Mól explicou os problemas internos citados no vídeo em que comunica a desistência do pleito. Segundo ele, enquanto prefeito interino, Juliano Duarte conseguiu reorganizar o grupo de Celso Cota a seu favor.

Quando assumiu a prefeitura, Celso até tentou reaglutinar os aliados em torno da candidatura de Bruno — o que, segundo o candidato desistente, não vingou.

“Na política, ninguém é candidato de si mesmo. Então, entendemos que o melhor caminho seria reorganizar nosso projeto”, indicou Mol, que já projeta a disputa por um dos assentos na Câmara de Mariana. “A partir daí é trabalhar. Quem sabe não organizamos um grupo para aqui quatro anos!?”, completou.

PL também terá candidato

Embora ainda não tenha sua chapa registrada no sistema do TSE, o PL também lançará candidato em Mariana. O partido de Jair Bolsonaro escolheu o ex-prefeito Roberto Rodrigues para a tarefa.

Rodrigues virou candidato após intervenção da direção nacional do PL. Originalmente, a convenção promovida pela direção municipal da legenda havia definido não ter candidato próprio e embarcar em uma coligação do PSB, que tem Juliano como candidato a prefeito.

O liberal, que teve a candidatura lançada em Belo Horizonte, conseguiu o apoio do PSD, que estava na coligação de Bruno Mol.

Quatro prefeitos de 2021 a 2024

Em meio ao impasse sobre a diplomação de Celso Cota quatro anos atrás, Mariana teve quatro prefeitos em quatro anos. Depois de Juliano Duarte, que acabou afastado do posto pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o posto foi herdado pelo vereador Ronaldo Bento (PSB).

À época, a Corte entendeu que Juliano não poderia chefiar o poder Executivo da cidade porque seu irmão, Duarte Júnior, fora prefeito entre 2012 e 2020.

Em 2023, outro interino assumiu o cargo: o vereador Edson Agostinho (Cidadania). Eleito presidente da Câmara para este biênio, ele teve de acumular o cargo com as funções de prefeito. A sequência de “prefeitos-tampão” só terminou em agosto do ano passado, quando o TSE autorizou a diplomação de Cota.

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