Desnecessária, corrida por arroz gera o que o consumidor queria evitar: aumento no preço do grão

Pesquisa realizada na Grande BH pelo site Mercado Mineiro aponta aumento em maio
Rio Grande do Sul, maior produtor de arroz do país, passa por problemas com a chuva.
Rio Grande do Sul, maior produtor de arroz do país, passa por problemas com a chuva. (Foto:Freepick | Arquivos Gratuitos)

Embora especialistas e órgãos técnicos em agricultura apontem não haver risco de desabastecimento de arroz nas gôndolas dos supermercados, os consumidores deram início a uma “corrida” de compra do grão, por medo da escassez ou de que seu preço fique muito caro. Com isso, o tiro está saindo pela culatra: o repentino aumento da sua demanda está inflacionando o preço do arroz.

Levantamento feito pelo site Mercado Mineiro, na última quarta-feira (8), apontou um crescimento de até 6% no preço do grão na Região Metropolitana de Belo Horizonte, na comparação com os valores registrados no final de março e começo de abril. 

Durante a semana alguns supermercados chegaram a limitar a compra de sacos de arroz a cinco por pessoa. 

O receio que embala os consumidores se escora no fato de o Rio Grande do Sul ser responsável por cerca de 68% de todo o arroz produzido no Brasil. Mas, desconsidera, porém, que até o momento o estado gaúcho colheu 84,2% da sua área plantada — segundo dados divulgados pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), no meio da semana. O valor corresponde a 6,4 milhões de toneladas de arroz. 

A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (FAEMG) destaca que a última estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) revelou que a área destinada à produção de arroz no Brasil, nesta safra de 2024, foi de cerca de 1.544,8 mil hectares — representando um aumento de 4,4% em relação à safra anterior.  

A corrida às compras interrompe a queda que vinha sendo registrada no preço do arroz, que acumulou uma alta acumulada de 28,39% na média nacional nos últimos 12 meses. Nesse caso, a inflação ocorreu por uma quebra de safra na Índia no ano passado — que é a maior exportadora e também uma grande consumidora de arroz. 

É o que explica o economista do Instituto de Pesquisas Econômicas Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (IPEAD), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Diogo Santos. “Com a quebra da safra, o governo decidiu redirecionar as vendas para o mercado interno. Com isso, houve uma redução da oferta internacional do arroz, e, consequentemente, uma elevação em seu preço”.

Santos também aponta que não haverá desabastecimento de arroz no mercado. “Não há indicação de que pode faltar arroz para venda. Mais de 80% da safra do RS já foi colhida. Tanto produtores, como distribuidores possuem estoques”. 

Governo Federal vai importar arroz

Para estabilizar os preços do arroz e evitar sua especulação financeira, o Governo Federal publicou na última quinta-feira a medida provisória 1.217/2024, autorizando a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a comprar até um milhão de toneladas de arroz. 

Conforme destacou em entrevista a radialistas no programa “Bom Dia, Presidente”, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) explicou que a medida visa recompor os estoques públicos do grão após os estragos provocados pelas chuvas que atingem o Rio Grande do Sul. “Agora com a chuva, acho que nós atrasamos de vez a colheita do Rio Grande do Sul. Se for o caso, para equilibrar a produção, a gente vai ter que importar arroz, a gente vai ter que importar feijão, para que a gente coloque na mesa do povo brasileiro um preço compatível com aquilo que ele ganha”, disse.

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