O enviado especial dos Estados Unidos para a América Latina, Mauricio Claver-Carone, disse nesta terça (25) que o Caribe vive “um momento histórico” para a segurança energética, uma referência à crescente produção de petróleo na região. Ele acrescentou que os EUA querem defender a Guiana como os estados árabes do Golfo.
“Estamos em um momento histórico no Caribe para a segurança energética, que tem sido o calcanhar de Aquiles do Caribe”, disse Claver-Carone, em coletiva de imprensa por telefone para jornalistas das Américas, da qual O Fator participou. O objetivo da coletiva era falar sobre a próxima viagem do secretário de Estado, Marco Rubio, que nesta semana vai visitar Jamaica, Guiana e Suriname em uma viagem de dois dias.
“Obviamente, o fato de que todos eles [países do Caribe] são importadores dependentes e, [sofreram] problemas de fornecimento a esse respeito. Isso também levou a uma longa história de práticas extorsivas da Petrocaribe, da Venezuela, que vimos historicamente. Tudo isso acabou, e chegou a hora de virar a página”, acrescentou o enviado especial.
A Guiana, disse, irá este ano “se tornar a maior produtora de petróleo per capita do mundo”, superando o Catar e o Kuwait.
“Esta é uma grande história dos últimos cinco anos. Quero dizer, é provavelmente uma das maiores histórias dos últimos cinco anos”, declarou.
A exploração de petróleo na Guiana disparou a partir de 2020, fazendo dela um dos poucos países a crescer economicamente no primeiro ano da pandemia. A produção offshore, em área vizinha à que a Petrobras chama de Margem Equatorial, é liderada pela americana ExxonMobil.
“A segurança da Guiana é a principal prioridade”, afirmou Claver-Carone. “Da mesma forma que temos trabalhado com os países nos Estados do Golfo para garantir a cooperação de segurança das ameaças regionais de lá, Irã, etc. Queremos trabalhar com a Guiana, a fim de garantir a cooperação de segurança lá, e suas garantias em sua segurança”.
“Vimos as ameaças da Venezuela”, acrescentou. Temos visto as abordagens em direção às instalações da Exxon. Obviamente, isso é inaceitável, e queremos trabalhar juntos para garantir um acordo vinculativo, um acordo em direção à cooperação vinculativa de segurança. Isso é uma vitória para a Guiana e para os Estados Unidos, e acho que isso será uma grande parte das conversas do secretário [Rubio] enquanto ele estiver lá”.
Em 1º de março, o presidente da Guiana, Irfaan Ali, disse que um navio da Marinha venezuelana entrou nas águas de seu país, aproximando-se de uma plataforma administrada pela ExxonMobil. Pelas contas do secretariado-geral da OEA, que condenou a ação da Venezuela, foi mais de uma embarcação.
Pelos dados do governo americano, em número absoluto de barris de petróleo por ano, o Kuwait foi o 10º maior produtor em 2023, atrás do Brasil, que ficou em 7º lugar. A lista é liderada pelos Estados Unidos. Guiana e Catar não estavam na lista dos top 10 em termos absolutos.
Esta já é a segunda viagem de Rubio a países das Américas neste ano. Em fevereiro, ele passou por Panamá, El Salvador, Costa Rica, Guatemala e República Dominicana.
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