Ex-reitor da UFMG preside 2ª maior beneficiada por memorial inacabado

Fundação de Apoio da UFMG (Fundep) recebeu R$ 7,3 milhões e hoje é chefiada por Jaime Arturo Ramírez, citado em processo no TCU
Reitor Jaime Arturo em coletiva
O então reitor Jaime Arturo Ramírez, em coletiva: hoje está na Fundep. Foto: Foca Lisboa/UFMG

A segunda maior beneficiada das obras do Memorial da Anistia da UFMG, que permanece inacabado e foi cancelado, foi a Fundação de Apoio da UFMG (Fundep) – hoje presidida por um ex-reitor citado no processo no TCU em que o governo federal busca reaver o dinheiro.

A Fundep recebeu ao todo da UFMG mais de R$ 7,3 milhões, em seis parcelas de valores diferentes, sendo três pagas em 2011 e outras três em 2013.

A prestação de contas da universidade, reprovada integralmente pelo governo federal, foi obtida por O Fator via Lei de Acesso à Informação.

Trecho de Nota Técnica do Ministério dos Direitos Humanos, de 2024, mostra parte dos pagamentos à Fundep.

Jaime Arturo Ramírez, formado em Engenharia Elétrica pela UFMG, não era reitor na época desses pagamentos. Ele exerceu o mandato de 2014-2018.

Em janeiro de 2021, a convite da atual reitora Sandra Regina Goulart Almeida, sua ex-vice, Ramírez assumiu a presidência da Fundep.

Como O Fator revelou na semana passada, a UFMG deve mais de R$ 14 milhões ao governo federal pelas obras inacabadas do Memorial da Anistia, no bairro Santo Antônio, em BH.

O governo federal repassou à UFMG mais de R$ 21 milhões para a obra. De 2010 a 2017, a universidade chegou a devolver à União mais de R$ 6,9 milhões, em oito parcelas, por diferentes motivos.

O valor da dívida de R$ 14 milhões ainda será corrigido pela inflação, dependendo da decisão do TCU. O caso tramita há mais de três anos.

A UFMG disse em nota que o Memorial da Anistia “teve suas obras interrompidas em 2016 por falta de repasses financeiros por parte” do Ministério da Justiça, com o qual o contrato foi assinado na época. Mas a Nota Técnica do Ministério dos Direitos Humanos mostra que, na verdade, o governo fez à UFMG três repasses em 2016, o último deles em 27 de dezembro, no valor de R$ 1.022.972,58.

O Fator perguntou à Fundep onde está o acervo produzido nesse período para o Memorial da Anistia, e se ele pode ser consultado. Também perguntamos por que a UFMG não fez novos pagamentos à Fundep a partir de 2014, quando Ramírez virou reitor.

A Fundep direcionou nossas perguntas para a UFMG, que não respondeu ao que perguntamos.

Procurado diretamente, Jaime Arturo Ramírez também não nos respondeu.

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