A Federação Brasil da Esperança, formada por PT, PCdoB e PV, que pode ser encerrada em 2026, ainda não “vingou” em Belo Horizonte. As três legendas têm encontrado dificuldades para encontrar unidade e estiveram separadas, inclusive, na eleição municipal do ano passado. Embora o trio tenha feito parte da coligação que apoiou a candidatura a prefeito do deputado federal Rogério Correia (PT), na prática, o parlamentar teve o endosso apenas de petistas e comunistas, uma vez que os verdes, ainda que informalmente, caminharam ao lado do prefeito Fuad Noman (PSD).
A dissidência interna se repetiu na eleição para a presidência da Câmara Municipal. Enquanto os vereadores de PT e PCdoB apoiaram o candidato derrotado Bruno Miranda (PDT), o parlamentar do PV, Wagner Ferreira, não apenas ajudou a eleger o presidente Juliano Lopes (Podemos), como também passou a integrar a Mesa Diretora na condição de 1° secretário. O apoio de Ferreira a Juliano, entretanto, foi formalmente questionado por seu partido, que desejava a vitória de Bruno Miranda.
Presidente do diretório mineiro do PV, Osvander Valadão diz que as chances do partido deixar a aliança no ano que vem, quando o prazo mínimo para a validade da união terminar, são concretas.
“É certo que continuaremos ao lado do presidente Lula e do campo democrático, mas estamos discutindo outras possibilidades de federação no campo da centro-esquerda”, afirma, a O Fator.
Sobre os desencontros nos processos eleitorais em Belo Horizonte, Osvander acredita que as divergências internas são inerentes ao processo democrático.
“As dificuldades não foram exclusividade de BH. Acomodar estratégias políticas e convicções programáticas de três partidos não é nada fácil. Mas isso aconteceria dentro de qualquer federação”, aponta.
Outras visões
Segundo o presidente do PT-BH, Guilherme Jardim, o Guima, a federação foi construída com o objetivo central de eleger o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Nos âmbitos estaduais e municipais, cada partido teria liberdade de se posicionar de forma independente.
“A aliança foi resultado de uma costura nacional. Nós sabíamos que nos estados e municípios a união seria difícil. Em Belo Horizonte, tentamos caminhar tendo o PV ao nosso lado. Fizemos reuniões, buscamos consenso. Infelizmente, não aconteceu”, pontua
Ainda de acordo com o dirigente, o PT acredita que o saldo é positivo para o partido. “Nossa visão é de que a federação poderá se renovar nacionalmente em 2026, ou até passar a contar com mais forças políticas. Tudo vai depender também do processo de eleições internas no PT”, projeta Guima.
Análise semelhante é feita pelo presidente estadual do PCdoB, Wadson Ribeiro. O comunista defende que as divergências entre os três partidos, como por exemplo as expostas em Belo Horizonte, sejam superadas até 2026.
“Nós queremos manter a federação. Temos uma excelente relação com PT e PV em Belo Horizonte. As diferenças que houveram, tanto na eleição do prefeito Fuad Noman quanto do presidente da Câmara, vereador Juliano Lopes, são parte de uma etapa de entendimento entre os partidos. Concluídos os processos eleitorais, buscaremos avançar em busca de unidade”, espera.