Justiça de Londres conclui interrogatórios sobre Mariana enquanto Samarco lança novo sistema de indenizações

Julgamento na Inglaterra continua em meio às resoluções da repactuação firmada no Brasil
Foto mostra área atingida pelo rompimento da barragem de Fundão
O rompimento da barragem aconteceu em 2015 e provocou a maior tragédia ambiental do país. Foto: Antonio Cruz/ Agência Brasil

A Justiça britânica encerrou a fase de interrogatórios do processo que julga a responsabilidade da mineradora BHP pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), ocorrido em 2015. Simultaneamente, a Samarco anunciou o lançamento de uma nova plataforma para análise de pedidos de indenização das vítimas, prevista no Acordo de Reparação Bacia do Rio Doce.

Novo sistema de indenizações

A partir desta terça-feira (4), a Samarco disponibilizará o Sistema PIM-AFE, destinado exclusivamente a pessoas que exerciam atividade profissional formal na época do desastre. Os interessados terão 60 dias para ingressar na plataforma, necessariamente por meio de representação legal.

A empresa também anunciou o lançamento do Programa Indenizatório Definitivo (PID) até abril, que prevê indenizações fixas de R$ 35 mil por pessoa física ou jurídica que atenda aos critérios de elegibilidade. O prazo para adesão será de 90 dias após o lançamento.

Processo em Londres

O julgamento em Londres, que representa 620 mil vítimas, incluindo municípios, pessoas físicas e empresas, realizou 42 sessões e aproximadamente 210 horas de audiências. Durante os interrogatórios, foram ouvidas sete testemunhas-chave da BHP e 10 especialistas.

Entre as revelações mais significativas do processo, destaca-se que:

  • A BHP recebeu alertas sobre problemas na barragem seis anos antes do colapso
  • Uma “solução temporária” foi utilizada na estrutura por três anos até seu rompimento
  • A barragem foi classificada como de “mais alto perfil de risco” cinco anos antes da tragédia
  • A empresa não possuía um plano de evacuação adequado para Bento Rodrigues

Decisão crucial

Os municípios atingidos enfrentam agora um momento decisivo: devem escolher entre manter-se na ação coletiva britânica ou aderir à repactuação proposta no Brasil. O prazo para adesão ao acordo brasileiro termina em 6 de março, coincidindo com o período das argumentações finais em Londres, programadas para 5 a 13 de março.

Até o momento, doze municípios já aderiram ao acordo brasileiro, sendo seis em Minas Gerais e seis no Espírito Santo. Mariana, município mais impactado pelo desastre, ainda não aderiu à repactuação, optando por aguardar os desenvolvimentos do processo em Londres.

A decisão final da corte britânica é esperada para o meio de 2025.

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