Lira sentou em cima de 5 representações contra Zambelli por arma de fogo

Representações perderam validade no começo de 2023, quando Lira foi reeleito
Carla Zambelli e Arthur Lira no plenário da Câmara
Zambelli e Lira no plenário da Câmara, em maio de 2022: costas quentes. Foto: Paulo Sérgio/Câmara dos Deputados

Arthur Lira sentou em cima de cinco representações diferentes contra Carla Zambelli apresentadas no fim de 2022, depois de a deputada perseguir, de arma em punho pelas ruas de São Paulo, o jornalista Luan Araújo. O episódio foi em um sábado, véspera do 2º turno disputado por Bolsonaro e Lula.

O número de representações foi confirmado a O Fator pela assessoria de imprensa da Câmara.

Como presidente da Câmara na época, Lira tinha a prerrogativa de apreciar as representações contra deputados antes de encaminhá-las ao Conselho de Ética. Ainda de acordo com o regimento, as representações assinadas por partidos políticos com representação no Congresso devem ser “encaminhada[s] diretamente pela Mesa da Câmara dos Deputados ao Conselho de Ética”.

Foram três representações assinadas por partidos pelo episódio: uma do PSOL, uma do PT, e uma terceira assinada por ambos PT e Rede.

Apesar disso, nenhuma delas chegou à pauta do Conselho de Ética, como consta no site oficial da Câmara. Em outras datas, o conselho chegou a discutir e arquivar outras representações contra a deputada, redigidas por outros motivos.

Além disso, a deputada Tabata Amaral (PSB-SP) e o então deputado Bira do Pindaré (PSB-MA) também enviaram representações contra Zambelli pela perseguição com arma de fogo.

Trecho final da representação do PSOL contra Zambelli, apresentado em outubro de 2022.

Pelo menos a representação do PSOL, obtida por O Fator, pediu a cassação de Zambelli.

O Conselho de Ética fez três reuniões no fim de 2022: duas em novembro e uma em dezembro. Todas duraram menos de um minuto e nada foi votado, por falta de quórum. As reuniões foram presididas por Carlos Sampaio (PSD-SP).

Nesta segunda (24), em entrevista ao canal Inteligência Ltda., Bolsonaro culpou Zambelli pela sua derrota eleitoral.

“Aquela imagem, da forma que foi usada, da Carla Zambelli perseguindo o cara (…) A gente perdeu. São Paulo, estava bem aqui, né? (…) A Carla Zambelli tirou o mandato da gente. Ela tirou o mandato da gente”, disse Bolsonaro.

Na terça (25) o STF formou maioria de 6 x 0 para cassar o mandato de Zambelli, pelos crimes de porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal nesse episódio da perseguição ao jornalista.

Antes, em janeiro deste ano, o TRE-SP cassou o mandato de Zambelli por 5 x 2, mas por motivo diferente: divulgar mentiras sobre o processo eleitoral de 2022. Ela permanece no cargo porque cabe recurso ao TSE.

O Fator entrou em contato com dois ex-assessores de imprensa de Lira, que informaram não trabalhar mais para o deputado. Também enviamos um e-mail e telefonamos para o gabinete de Lira, mas ninguém atendeu. O deputado acompanhou a viagem de Lula ao Japão.

As cinco representações perderam validade em 1º de fevereiro de 2023, posse da atual legislatura. Naquele mesmo dia Lira foi reeleito presidente da Câmara com 464 votos – 90% dos deputados.

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