Militares presos habilitaram celulares em loja de Uberlândia, diz PF

Segundo investigação, membros de grupo golpista planejavam matar Lula e Alckmin no fim de 2022
Celular no escuro
Operação Contragolpe: chips de celular habilitados juntos. Foto: Joedson Alves/Agência Brasil

Os militares ligados às forças especiais presos nesta terça (19) pela Polícia Federal na Operação Contragolpe habilitaram quatro chips de celular em poucos minutos numa mesma loja em Uberlândia, mostram trechos da investigação.

Os trechos foram citados pelo ministro Alexandre de Moraes na sua decisão ordenando as prisões preventivas dos investigados, tornada pública na manhã de hoje.

Os chips de celular foram habilitados às 13h59, 14h, 14h05 e 14h16 de 3 de dezembro de 2022, um sábado, em unidade das Lojas Americanas no bairro Jardim Europa, em Uberlândia.

“Os elementos de prova indicam que os chips utilizados na ação criminosa foram adquiridos de forma simultânea, mediante emprego de técnicas destinadas a encobrir a identificação dos usuários”, escreveu Moraes.

Os números desses chips participavam de um grupo no aplicativo Signal chamado ‘Copa 2022’, que era também um dos codinome para a operação pretendida pelos militares.

Os números habilitados em Uberlândia foram usados pelos codinomes ‘Argentina 2’, ‘Áustria’, ‘Brasil’ e ‘Gana’ – participantes do grupo ‘Copa 2022’.

No grupo, escreve Moraes, “estavam os responsáveis por executar a ação clandestina de prisão/execução de Ministro do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL” – no caso, ele próprio.

Para a PF, os presos hoje planejaram um golpe de Estado para impedir a posse do governo eleito em 2022 e restringir o livre exercício do Poder Judiciário.

A investigação da PF mostra que o grupo chegou a planejar matar Lula e Alckmin – na época, já eleitos, mas antes da posse.

“[O] objetivo do grupo criminoso era não apenas ‘neutralizar’ o ministro ALEXANDRE DE MORAES, mas também extinguir a chapa presidencial vencedora, mediante o assassinato do presidente LULA e do vice-presidente GERALDO ALCKMIN, conforme disposto no planejamento operacional denominado ‘Punhal verde amarelo’, elaborado pelo general MARIO FERNANDES”, escreveu a PF.

O general da reserva Mario Fernandes foi um dos presos hoje. Ele foi nº 2 da Secretaria-Geral da Presidência no governo Bolsonaro, e trabalhou até março deste ano como assessor do deputado General Pazuello (PL-RJ), ex-ministro da Saúde.

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