Minas terá a eleição municipal com o menor número de candidatos jovens em duas décadas

Cerca de 4,8 mil pessoas com até 29 anos de idade resolveram tentar uma vaga nas Câmaras Municipais e prefeituras
Foto mostra urnas eletrônicas
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Minas Gerais terá, em 2024, o menor número de candidaturas de jovens de até 29 anos em duas décadas. Integrantes dessa faixa etária correspondem a 6,69% do total de registros solicitados à Justiça Eleitoral. O levantamento, feito por O Fator a partir da base de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), considera apenas as eleições municipais.

Em números absolutos, os jovens correspondem a 4.887 dos 73.077 moradores do estado que resolveram disputar vagas em prefeituras e Câmaras Municipais. Quatro anos atrás, as autoridades eleitorais registraram 6.863 candidatos de até 29 anos — 8,4% de todos os 81.722 concorrentes. 

Apesar do cenário negativo, Minas Gerais acompanha uma tendência nacional. Em todo o país, os jovens de até 29 anos correspondem a 6,28% dos candidatos registrados. O índice é um recuo ante os 8,43% registrados em 2020.

Doutora em Ciência Política pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Maressa Miranda atribui parte da retração do número de candidaturas de jovens a uma questão geracional.

“É uma geração que assume a vida adulta mais tardiamente, também as responsabilidades e a interação social. Como ser candidato a um cargo eletivo nessa lógica?”, diz, a O Fator

Na Região Sudeste, Minas tem, proporcionalmente, o maior percentual de candidaturas de pessoas com até 29 anos de idade. Em São Paulo, a faixa etária corresponde a 5,71% dos concorrentes encaminhados à Justiça Eleitoral. No Espírito Santo, o índice é de 4,72%, enquanto no Rio de Janeiro, fica em 4,62%.

Em solo mineiro, a eleição municipal com o maior registro de candidaturas dessa faixa etária foi a de 2012, com 9,29% do total. Nacionalmente, esse percentual foi de 9,34%.

Hipóteses para a queda

Segundo Maressa Miranda, a desilusão dos jovens com a política institucional também deve ser considerada para a análise.

“Houve uma retração muito forte no Brasil de alguns espaços de participação. Sejam as conferências ou os conselhos de direito. Por mais que eles ainda existam, não vemos mais essa participação efetiva da representação desses órgãos na condução e na influência sobre a elaboração de políticas públicas”, aponta.

Ainda de acordo com a especialista, o país atravessou um momento de descrédito das instituições políticas, o que comprometeu a percepção da juventude a respeito das corridas eleitorais.

“(Houve) uma descrença do próprio processo eleitoral em si, de dúvidas sobre a própria licitude da urna eletrônica, do judiciário, do vaivém sobre a elegibilidade do presidente Lula. Tudo deságua nisso. Vide também o crescimento da abstenção eleitoral, maior a cada eleição”, indica.

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