Novas reuniões por repactuação travam com valor de indenização individual, mas têm avanços em outros temas

Rodada de negociação acontece em Brasília nesta semana
Rompimento da barragem de Mariana aconteceu em novembro de 2015
Tragédia de Mariana, em 2015, deixou 19 mortos. Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

A segunda rodada de negociações da repactuação de Mariana em agosto, iniciada em Brasília na última segunda-feira (19) e com reuniões diárias até esta quinta (22), tem apresentado percalços para o avanço do acordo, como os valores das indenizações individuais. As mineradoras Samarco, Vale e BHP Billiton propuseram que o valor indenizatório seja de R$ 18 mil por pessoa, enquanto a Advocacia-Geral da União (AGU) reivindica R$ 30 mil. Este impasse destaca-se como, agora, um dos pontos centrais nas discussões

Avanços Notáveis

Apesar das divergências, as negociações registraram progressos em áreas cruciais:

  1. Setor Pesqueiro: Acordou-se um reordenamento pesqueiro a ser implementado em 180 dias. Adicionalmente, discute-se a suspensão da atividade por dois anos, proposta que aguarda posicionamento das empresas.
  2. Preservação Ambiental: Foi proposta a criação de uma unidade de conservação no Rio Santo Antônio, visando proteger o ecossistema local.
  3. Programa de Transferência de Renda (PTR): Iniciaram-se debates sobre o modelo do programa.

Desafios Persistentes

Alguns pontos permanecem sem consenso, evidenciando a complexidade das negociações:

  1. Povos e Comunidades Tradicionais (PCT): Continua sendo um ponto de divergência crucial para determinar a extensão dos danos e áreas afetadas. O poder público não abre mão que se atenda as medidas estabelecidas pela convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
  2. Demandas das Comunidades Tradicionais: As necessidades específicas de grupos como quilombolas e indígenas ainda não foram plenamente contempladas.

Contexto da Repactuação

Esta rodada integra um processo mais amplo iniciado em abril de 2022, que visa substituir o acordo original de 2016. Espera-se que a Samarco, em conjunto com os governos estaduais e federal, assuma as funções atualmente desempenhadas pela Fundação Renova.

As negociações envolvem representantes das mineradoras Vale e BHP Billiton, do governo federal, dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo. O objetivo é corrigir falhas do acordo original e acelerar as reparações dos danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão.

Complexidade das Negociações

A diversidade de temas abordados reflete a complexidade do processo de reparação. Além das questões já mencionadas, discute-se:

  • A reestruturação do sistema de governança para a reparação integral.
  • A definição de prazos e metas para as ações de reparação.
  • A revisão dos programas socioeconômicos e socioambientais em andamento.

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