A decisão da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) de liberar os vereadores de sua base para votar a favor da derrubada de um veto a um projeto que trata de imóveis ocupados por famílias de baixa renda na Região Norte da cidade tem sido interpretada, nos bastidores do Executivo, como um aceno aos parlamentares governistas. O veto foi revisto durante a reunião plenária desta terça-feira (4), na Câmara Municipal.
O projeto, de autoria de Loíde Gonçalves, do MDB, permite a alienação de terrenos no Bairro Tupi. A venda dos espaços é vista como importante para regularizar as moradias implantadas na área.
O veto do prefeito Fuad Noman (PSD) à proposta foi publicado em outubro do ano passado. Interlocutores ouvidos por O Fator afirmaram que o Executivo reviu a posição a respeito dos imóveis no Bairro Tupi também para prestigiar parlamentares da base governista. Segundo a reportagem apurou, a ideia do prefeito em exercício, Álvaro Damião (União Brasil), foi sinalizar ao Legislativo de que há espaço para a interlocução entre os Poderes.
A O Fator, Loíde explicou que, após o veto, procurou Álvaro Damião e apresentou detalhes técnicos do projeto.
“Ele me recebeu de maneira muito republicana e entendeu a importância desse projeto para os moradores daquela região”, afirmou.
Em que pese a autorização para os vereadores governistas votarem pela derrubada do veto, interlocutores com acesso ao presidente da Câmara, Juliano Lopes (Podemos), afirmam que o aval do Executivo à revisão da decisão inicial só foi dado após aliados da prefeitura perceberem que não havia parlamentares suficientes para manter a rejeição ao projeto.
Tempo de incertezas
O aceno de Damião a partir do projeto sobre o Bairro Tupi foi dado em um momento crucial para a relação entre a prefeitura e a Câmara. Nessa segunda-feira (3), a administração municipal exonerou servidores comissionados indicados pelos vereadores Janaína Cardoso (União Brasil), Wagner Ferreira (PV) e Wanderley Porto (PRD).
O trio, embora tenha feito parte da base de Fuad no mandato passado, votou em Juliano Lopes na disputa pelo comando da Câmara. Lopes venceu Bruno Miranda (PDT), que teve a candidatura apoiada pela prefeitura.