PT tem quatro vezes mais candidatos que PV e PCdoB, partidos com quem forma federação

Levantamento de O Fator mostra que PT lançou 29,6 mil candidatos em todo o país, ante 4,6 mil dos verdes e 3,1 mil dos comunistas
Cenário se repete em todo o território mineiro | Crédito: Marcelo Camargo / Agência Brasil

O PT registrou quase quatro vezes mais candidatos que PV e PCdoB para as eleições municipais deste ano. Os três partidos formam uma federação desde 2022 e, por isso, na prática, funcionam como se fossem uma legenda única nas disputas eleitorais. Um levantamento feito por O Fator junto à base de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostra que, em todo o Brasil, os petistas registraram 29.647 concorrentes, considerando candidatos a prefeito, vice-prefeito e vereador. O PV, por sua vez, indicou 4.673 postulantes; o PCdoB, 3.137.

Em 2020, último ano em que PT, PCdoB e PV disputaram uma eleição separadamente, os comunistas registraram 10.727 candidaturas, número 70% superior ao de 2024. Quatro anos atrás, os verdes tiveram 12.285 filiados nas urnas, quantia que supera em quase 62% a estatística atual.

As regras da Justiça Eleitoral obrigam os partidos que formam uma federação a “somar” seus candidatos ao Legislativo. Em Belo Horizonte, por exemplo, cada legenda pode lançar até 42 concorrentes à Câmara Municipal. A coalizão formada por PT, PCdoB e PV, portanto, precisou dividir esse número. Assim, os petistas indicaram 29 nomes para a chapa. A nominata dos verdes tem oito nomes; a do PCdoB, cinco.

Cenário se repete em todo o território mineiro


Considerando os 853 municípios de Minas Gerais, o PT registrou 4.568 candidaturas, ante 1.007 do PV e 275 do PCdoB. Quatro anos atrás, os petistas tiveram 4.662 representantes, enquanto verdes e comunistas ficaram com 1.093 e 2.483, respectivamente.

A O Fator, o secretário nacional de Cidades do PV, Osvander Valadão, que preside o partido em Minas, rechaçou a possibilidade de enfraquecimento da legenda por causa da formação da coalizão com as duas legendas aliadas.

Segundo ele, apesar da diminuição do número de candidaturas, a legenda adotou a estratégia de disputar a eleição deste ano com lideranças consideradas mais expressivas.

“Concentramos todo nosso investimento, seja ele estrutural, político e financeiro, em um número menor de candidatos”, diz Osvander, que também é diretor-executivo da Fundação Herbert Daniel, centro de formação e de estudos políticos do PV.

Para Osvander, a constituição da federação, batizada de “Brasil da Esperança”, ajudou o PV a retomar a identidade progressista.

“Com representação em todos os estados e diversidades regionais profundas, era difícil manter esse alinhamento. A federação nos ajudou a alinhar a carta programática da origem do PV”, aponta.

Presidente do PT mineiro, o deputado estadual Cristiano Silveira vê com naturalidade a proporção de candidatos entre as três siglas.

“O número de candidatos de cada partido na federação representa o tamanho de cada agremiação no Estado”, explica.

Ainda de acordo com Cristiano, não há, no momento, debates a respeito de uma eventual fusão com o PCdoB, que historicamente costuma caminhar ao lado do PT.

“Em 2026, a discussão que será feita é da manutenção, ou não, da federação”, garante, em menção aos quatro anos estabelecidos pela legislação eleitoral como duração mínima de uma coalizão.

A reportagem tentou contato com as direções nacional e estadual do PCdoB para repercutir os números, mas não houve retorno. Em caso de resposta, este texto será atualizado.

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