A presidente do diretório mineiro do Podemos, deputada federal Nely Aquino, afirmou que o melhor caminho para a situação do senador licenciado e candidato à Prefeitura de Belo Horizonte, Carlos Viana (Podemos), seria sua desfiliação do partido e que, como ele não conseguiu outro partido para ser candidato, terá de “abrir mão das suas vaidades pessoais se quiser mesmo ser candidato a prefeito”.
O posicionamento de Nely Aquino foi enviado a O Fator no início da tarde desta segunda-feira (12) em meio a uma crise interna no partido. Mais cedo, Viana, em entrevista à ‘Itatiaia’, afirmou que não cederia à pressão do Podemos e mantinha Kika da Serra como sua candidata a vice.
Na nota enviada à imprensa, Nely Aquino pontua que preferiu ignorar mensagens de Viana “implorando por uma reunião” e que o senador licenciado quer, agora, debater o caso pela imprensa.
“Lamento profundamente que, mesmo com a nossa torcida, o candidato não tenha conseguido outra legenda para disputar as eleições. A sua desfiliação era o melhor caminho, mas quem não sabe construir em grupo encontra mesmo essa dificuldade. Enquanto ele for filiado ao PODEMOS, partido presidido por uma deputada federal que tem orgulho de integrar a Família Aro, terá que abrir mão das suas vaidades pessoais se quiser mesmo ser candidato a prefeito. Inclusive, a sua postura me deixa na dúvida se realmente está disposto a disputar as eleições ou está buscando uma saída honrosa. A vice-prefeita da chapa, escolhida em convenção e por todos os representantes da coligação, será Renata Rosa Viana Comini, conforme registro realizado na Justiça Eleitoral “, pontuou a deputada, que complementou, ainda, estar “cansada de ser chamada de intransigente”.
Na última quinta (8), Viana anunciou Kika da Serra como sua candidata a vice. Ao mesmo tempo, dirigentes partidários do Podemos registraram no TRE a chapa tendo a contadora Renata Rosa como sua vice. O senador afirma ter recebido o aval da presidente nacional da legenda, Renata Abreu, para escolher sua companheira de chapa.
A divergência no nome é, na realidade, uma disputa interna entre a vontade de Viana e a escolha da direção do Podemos em Minas e Belo Horizonte, comandado pela deputada federal Nely Aquino.
Na convenção do Podemos, no último domingo (4), o nome de Renata Rosa foi sugerido durante o evento e deliberado que representantes dos três partidos da coligação Podemos, PMN e DC definiriam a escolha. Viana, na ocasião, não se manifestou de forma contrária, embora, ali, não tivesse também direito a voto.
Segundo interlocutores da equipe de Viana, a rejeição ao nome de Renata Rosa se daria por um possível parentesco entre ela e uma assessora parlamentar de Nely Aquino. Viana só teria recebido essa informação depois que a convenção do Podemos teria sido realizada.
O TRE aceita alterações no registro das candidaturas até a próxima quinta (15). Neste cenário, seria necessário uma intervenção do diretório nacional, de Renata Abreu, para realizar a mudança, uma vez que, pelo contexto, dificilmente a direção estadual e municipal mudariam de ideia.
A propósito, O Fator apurou junto a fontes do Podemos mineiro que a candidatura de Viana poderia ser retirada caso ele não aceitasse Rosa como sua vice. Apesar disso, a possível interferência da nacional do partido em Minas conseguiria preservar a candidatura do ex-apresentador de rádio e televisão.
Mudanças de última hora no quadro de candidaturas não são novidades na disputa em BH e Minas. Em 2016, o PSB decidiu, de última hora, retirar Paulo Brant da disputa para lançar Delio Malheiros. Dois anos depois, os pessebistas também protagonizaram uma troca aos 45 do 2º tempo. Decidiram retirar a candidatura de Marcio Lacerda para apoiar Fernando Pimentel (PT).