O diretório do PT de Betim vai votar, na próxima quinta-feira (19), a expulsão do ex-prefeito Jésus Lima do partido. O político, que comandou a cidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) entre 1997 e 2000, está em rota de colisão com a direção municipal da legenda desde que teve a pré-candidatura a prefeito vetada. Jésus chegou a convocar uma manifestação para protestar contra a possível expulsão dos quadros petistas.
Segundo o ex-prefeito, a punição pode acontecer por ter dito que a tesoureira nacional do PT, a mineira Gleide Andrade, “era o cão chupando manga”. Em Betim, os petistas apoiaram a candidatura a prefeito de Doutor Vinícius, do PV. Ele acabou derrotado por Heron Guimarães (União Brasil).
A O Fator, Jésus voltou à carga contra a direção do PT local, acusando a legenda de “derrubar” uma candidatura própria do partido ao Executivo de Betim. À reportagem, ele criticou Gleide Andrade e a ex-prefeita Maria do Carmo Lara.
“Deu no que deu: o nosso PT perdeu e agora querem jogar a culpa da derrota no Jésus por ter feito a defesa do PT e da Democracia interna. O álibi deles é a tal federação (com PCdoB e PV) de que teria sido uma decisão nacional. Até nisso se acovardam. Não assumem o que fizeram, mas vamos resistir e vamos ganhar”, asseverou o ex-prefeito.
Já o presidente do PT de Betim, Edson Soró, afirmou que, por se tratar de um procedimento interno, não poderia opinar sobre o tema em público.
“O Jésus Lima sai falando, dando publicidade, mas como nós estamos tocando o processo, temos obrigação de sigilo por mais que ele já tenha externando”, explicou.
Escalada de tensões
O clima entre o ex-prefeito e a direção do seu partido vem numa crescente de hostilidade. Uma reunião do PT betinense no último dia 12 de novembro terminou em confusão, com direito a registro de Boletim de Ocorrência, empurra-empurra e uma representação formal contra oito dirigentes do partido.
Neste encontro na sede do partido, um ex-pré-candidato a vereador questionou a legitimidade da candidatura de Vinícius, afirmando que ela “não foi uma peça construída dentro da Federação”. À ocasião, o ex-candidato citou o fato de Vinícius ter deixado o Podemos rumo ao PV neste ano.
O presidente do PT local, Edson Soró, declarou que Jésus Lima estava com seus direitos políticos na legenda suspensos e completou dizendo que ele seria expulso do partido. O secretário de Organização, Luiz Carlos, contestou a decisão, argumentando que “não houve procedimento nenhum tramitado pela comissão de ética”.
Em junho deste ano, às vésperas do início do processo eleitoral, Jésus Lima teve seus direitos políticos junto à legenda suspensos por 90 dias; o que o impedia de disputar a prefeitura, de se manifestar em nome do PT ou de participar das instâncias de debate e decisão da legenda.