Viana diz que presidente do Podemos em MG quer controlar fundo partidário e emplacar ‘irmã de assessora’ como sua vice

Disputa interna entre senador e direção do partido em MG esquenta bastidores da eleição em BH
A chegada de Carlos Viana ao debate chamou a atenção da imprensa. O senador licenciado estava acompanhado de 'dois vices': do primeiro nome anunciado como seu companheiro de chapa, Fred Aisc, retirado nesta semana após pressão do Podemos, e de Kika da Serra, anunciada ontem por Viana como nova vice. A movimentação em levar os dois tem motivo: enquanto defende, agora, nome de Kika, a direção do Podemos quer emplacar Renata Rosa no espaço. As divergências continuam e Viana quis demonstrar que não deve ceder ao partido. Por outro lado, o diretório do Podemos já registrou ao TRE a chapa Viana-Renata. Vai dar pano pra manga.
Viana disse não abrir mão de ter Kika da Serra como sua vice. Foto: Divulgação/Band Minas

O senador licenciado e candidato à Prefeitura de Belo Horizonte, Carlos Viana (Podemos), retrucou as falas da presidente estadual do partido, a deputada federal Nely Aquino, e disse que a parlamentar tenta pressioná-lo para “colocar a irmã de sua chefe de gabinete” como vice. A declaração de Viana foi enviada a O Fator depois que Nely Aquino afirmou à reportagem que a melhor saída para a crise na legenda seria a desfiliação do senador.

“A deputada Nely Aquino está numa vaidade pessoal querendo colocar a irmã da chefe de gabinete como minha vice. No acordo com a família Aro não existia isso deles indicarem a vice. A Kika sofreu ataques racistas na rede social e agora sofre ataque do partido para que ela não seja candidata, tudo se resume a Nely querer controlar o fundo partidário”, afirmou Viana.

“Quanto a ameaça de me tirar do Partido, a presidenta nacional Renata Abreu é quem decidirá, não abro mão de disputar pelo Podemos”, disse.

Ainda segundo o senador licenciado, ele não abre mão de ter Kika da Serra como sua vice. “Nas comunidades tem um ditado que fala: “ninguém larga a mão de ninguém”. Eu não vou largar a mão da Kika, mesmo se o partido for traíra conosco. O destino da Kika é o meu destino”.

Na nota enviada à imprensa, Nely Aquino pontua que preferiu ignorar mensagens de Viana “implorando por uma reunião” e que o senador licenciado quer, agora, debater o caso pela imprensa.

“Lamento profundamente que, mesmo com a nossa torcida, o candidato não tenha conseguido outra legenda para disputar as eleições. A sua desfiliação era o melhor caminho, mas quem não sabe construir em grupo encontra mesmo essa dificuldade. Enquanto ele for filiado ao PODEMOS, partido presidido por uma deputada federal que tem orgulho de integrar a Família Aro, terá que abrir mão das suas vaidades pessoais se quiser mesmo ser candidato a prefeito. Inclusive, a sua postura me deixa na dúvida se realmente está disposto a disputar as eleições ou está buscando uma saída honrosa. A vice-prefeita da chapa, escolhida em convenção e por todos os representantes da coligação, será Renata Rosa Viana Comini, conforme registro realizado na Justiça Eleitoral hoje”, pontuou a deputada.

Na última quinta (8), Viana anunciou Kika da Serra como sua candidata a vice. Ao mesmo tempo, dirigentes partidários do Podemos, seu partido, registraram no TRE a chapa de Viana tendo a contadora Renata Rosa como sua vice. O senador afirma ter recebido o aval da presidente nacional da legenda, Renata Abreu, para escolher sua vice.

A divergência no nome é, na realidade, uma disputa interna entre a vontade de Viana e a escolha da direção do Podemos em Minas e Belo Horizonte, comandado pela deputada federal Nely Aquino.

Na convenção do Podemos, no último domingo (4), o nome de Renata Rosa foi sugerido durante o evento e deliberado que representantes dos três partidos da coligação Podemos, PMN e DC definiriam a escolha. Viana, na ocasião, não se manifestou de forma contrária, embora, ali, não tivesse também direito a voto.

Segundo interlocutores da equipe de Viana, a rejeição ao nome de Renata Rosa se daria por um possível parentesco entre ela e uma assessora parlamentar de Nely Aquino. Viana só teria recebido essa informação depois que a convenção do Podemos teria sido realizada.

O TRE aceita alterações no registro das candidaturas até a próxima quinta (15). Neste cenário, seria necessário uma intervenção do diretório nacional, de Renata Abreu, para realizar a mudança, uma vez que, pelo contexto, dificilmente a direção estadual e municipal mudariam de ideia.

A propósito, O Fator apurou junto a fontes do Podemos mineiro que a candidatura de Viana poderia ser retirada caso ele não aceitasse Rosa como sua vice. Apesar disso, a possível interferência da nacional do partido em Minas conseguiria preservar a candidatura do ex-apresentador de rádio e televisão.

Mudanças de última hora no quadro de candidaturas não são novidades na disputa em BH e Minas. Em 2016, o PSB decidiu, de última hora, retirar Paulo Brant da disputa para lançar Delio Malheiros. Dois anos depois, os pessebistas também protagonizaram uma troca aos 45 do 2º tempo. Decidiram retirar a candidatura de Marcio Lacerda para apoiar Fernando Pimentel (PT).

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