Vice da Transcon pede exoneração em meio a investigações na autarquia

Investigação tem como foco a possível manipulação no processo licitatório para favorecer uma empresa de comunicação
O documento do MP aponta o sócio-administrador da empresa e um ex-presidente da Transcon como líderes de uma “associação criminosa” | Adelcio Ramos/PMC

O vice-presidente da Autarquia Municipal de Trânsito e Transportes de Contagem (Transcon), Leonardo Gonçalves Reis, pediu exoneração do cargo nessa quarta-feira (27). A saída do dirigente acontece em meio a investigações do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) por supostas fraudes em licitação feita pela empresa.

A investigação do MPMG tem como foco a possível manipulação no processo licitatório que teria favorecido a empresa Bridge Propaganda Comunicação e Editoração, contratada pela Transcon desde março de 2020 e que teve o vínculo renovado cinco vezes. Nesse período, a autarquia pagou a Bridge um montante de quase R$ 13 milhões.

A 24ª Promotoria da Defesa da Ordem Econômica, Tributária e de Defesa do Patrimônio Público chegou a emitir uma recomendação à Transcon para a suspensão do contrato. O documento aponta o sócio-administrador da empresa e um ex-presidente da Transcon como líderes de uma “associação criminosa” que teria ligação com as suspeitas no contrato.

Segundo a investigação, que teve início após denúncia anônima enviada ao MPMG, existem indícios de conluio para favorecer a Bridge a partir da cotação de preços com empresas de comunicação que estavam inativas.

As primeiras apurações identificaram que, das quatro empresas que participaram da concorrência, duas delas não registraram movimentação no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) — registro de admissões, demissões e transferências de funcionários com contrato de trabalho.

Segundo o inquérito, a que O Fator teve acesso, uma das empresas que apresentou orçamento na licitação sequer tinha Classificação Nacional das Atividades Econômicas (CNAE) para a prestação de serviços de marketing.

Outra situação que chamou a atenção dos investigadores é um parecer pela legalidade da renovação do contrato, emitido em agosto de 2023 e assinado por uma assessora jurídica que já não figurava como servidora da autarquia na época.

Procurada, a assessoria da Transcon disse que a exoneração do vice-presidente Leonardo Gonçalves Reis “foi uma decisão pessoal, motivada pela necessidade de tratar de assuntos particulares”.

“Leonardo Reis, servidor de carreira, continuará desempenhando suas funções como Agente de Operação e Fiscalização de Transporte e Trânsito”, informou a empresa.

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